quarta-feira, 25 de agosto de 2021

Os primos, ainda bem jovens, Antônio Moraes e Magnus Kelly



 

Fonte: acervo de Washington Moraes

Os jovens taipuenses Antônio Moraes da Rocha e Magnus Kelly de Miranda Rocha; Toinho de Celso, como assim é conhecido, é filho de Celso Alves da Rocha e Elza Moras da Rocha; Magnus Kelly, que foi Deputado Estadual, é filho de Marino Alves da Rocha e Maria Ignês de Miranda; Celso e Marino, irmãos, eram filhos de Adão Marcelo da Rocha e Luiza Querubina do Nascimento.

sábado, 21 de agosto de 2021

Moises Andrade e a Intentona Comunista de 1935

 Fonte: Jornal "A Ordem", edição de 24/02/1948.


MOISES ANDRADE era filho de filho de Joaquim Pequeno de Moraes e Francisca Eugenio de Andrade, neto, pela parte materna, do Coronel Manoel Eugenio Pereira de Andrade e Josefa Maria da Conceição; nasceu em Taipu aos 01/10/1906 e foi registrado com o nome de Moyses Pequeno de Moraes. No entanto, no registro de casamento está ratificado o nome para Moises Eugênio de Andrade; eram seus irmãos: Maria Eugenia, Alfredo, Maria Anita, Maria Florinda, Alahide, Carmelita, Manoel e Horlando; Moises Andrade consta na lista da professora Helena Botelho, primeira professora, da turma masculina, do Grupo Escolar Joaquim Nabuco.

Moises Andrade casou-se em Taipu, no civil aos 12/03/1932, no religioso, aos 17/04/1937, com sua prima Carmélia Paiva de Moraes, filha de Manoel Eugenio de Andrade e Maria Amélia de Paiva; do casamento nasceram: Cornélio, Maria da Paz e Tisian.

Moises Andrade foi um dos maiores ativistas sócio cultural de Taipu à sua época; era desportista, carnavalesco, poeta e compositor; segundo as anotações do diário da Professora Francisca Avelino, foi Maestro da Banda de Música Municipal e responsável pelo Taipu Futebol Clube, time que antecedeu o Estrela do Norte e o Bonsucesso; deixou uma grande contribuição para a cultura de Taipu, poderia ter deixando muito mais, não fosse a sua partida prematura.

Moises Andrade era investigador de polícia; o jornal “A Ordem, edição de 24/02/1948, sob o título “Roubou o comerciante”, divulgou a seguinte matéria:

Ontem à noite verificou-se um furto de dinheiro na localidade de Itapassaroca, município de Ceará-Mirim, no qual foi lesado o comerciante Luiz Teixeira, proprietário de um “barracão” naquela localidade.

Comunicado o ocorrido ao investigador Moises Eugenio de Andrade que passava por aquele povoado este deu inicio as suas investigações tendo encontrado o larápio entre os passageiros de um caminhão que procedia de Taipu.

O “amigo do alheio”, de nome Jose Lopes da Silva e que é natural de Mossoró, foi conduzido a esta capital, confessado ser o autor do furto que orça Cr$ 2.500,00.

 

Considerando a baixa probabilidade de que Moises estivesse, por acaso, possando na Itapassaroca logo após o furto, a dedução lógica é que, pelo prestígio no seu trabalho de investigação, era requisitado por outras praças.

Na Intentona Comunista, movimento organizado pelo Partido Comunista com intenção de tirar Getúlio Vargas do poder, Natal chegou a ficar no domínio dos revolucionários, que marcharam para o interior do Estado e, em Taipu, depuseram por um dia o prefeito Rosendo Leite; logo o movimento foi derrotado e o pessoal da Guarda Municipal de Natal, simpatizantes dos revolucionários, fugiram para o interior do Estado.

Luiz Raimundo Guedes era um dos membros da Guarda Municipal de Natal que, vendo o movimento derrotado, fugiu para Taipu, à noite, pela linha do trem. Luiz era recém casado com Maria Cecília de Andrade, a mais velha dos filhos sobreviventes de Antonino Eugenio de Andrade e Cecília Maria de Andrade; Antonino era vizinho, amigo e compadre de Adão Marcelo da Rocha que, de pronto, não deixou desprotegido o genro de Antônio, “guardou-o” em uma de suas propriedades.

Moises Andrade, o investigador, passou a procurar, na tentativa de levar à prisão, tais foragidos, sendo Luiz Raimundo Guedes sua caça preferida; dentre as técnicas de investigação de Moises havia a visita, aparentemente despretensiosa, que fazia durante o dia às casas que supunha ser esconderijo; tinham as visitas dois objetivos básicos: identificar a quantidade de moradores da referida casa e fazer “amizade” com os cachorros da família, para que, à noite, os vigilantes não estranhassem sua presença; voltava Moises no escuro da noite quando o único barulho eram os irritantes cantos dos grilos e, de ouvido colado às portas e janelas, rondava a casa na tentativa de descobrir se ali ressonava mais almas do que as moradoras habituais da residência.

As caçadas de Moises viraram obsessão, eram implacáveis; Adão Marcelo trocava o seu “visitante” de lugar para despistar o caçador, até que, o cerco se fechando, Luiz Raimundo foi levado para a cidade de Nova Cruz e de lá, junto com a esposa, foi levado para a cidade de Recife, em Pernambuco.

Não sei se Moises levou à cadeia algum dos seus procurados, mas o inusitado aconteceu: certo dia Maises, que havia tomado uns aperitivos a mais, saiu à rua gritando vivas ao Comunismo. Foi preso por subversão. Fora somente efeito do álcool, logo foi solto, sua prisão não lhe rendeu maiores consequências do que a ressaca moral.

Na Década de 1990 visitei Luiz Raimundo e Maria Cecilia, essa minha tia pela parte paterna, moravam no bairro do Alto José Bonifácio, em Recife. Ali desenvolveram-se seus descendentes e casal ficou até o fim de suas vidas, faleceram com idades já bem avançadas. Luiz Raimundo, a quem o chamava de tio, era seguidor de Miguel Arraes e adorava contar suas experiências políticas.

Moises Andrade, Infelizmente, teve sua vida ceifada prematuramente, aos 49 anos de idade, no trágico acidente, entre as cidades de Mossoró e Assú, com o tombamento do caminhão de romeiros de Taipu que retornava da cidade de Canindé, no Ceará, aos 14/12/1955.

Arnaldo Eugenio de Andrade - 21/08/2021

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Antônio Saldanha da Silva

 Fonte: o autor, desenho a grafite

 

SINHÔ SALDANHA nasceu no Sítio Bom Nome, na cidade de Catolé do Rocha, Estado da Paraíba, aos 18/02/1918, foi registrado com o nome de Antônio Saldanha da Silva, filho de Gervásio Saldanha da Silva e de Ana Alves Saldanha; seus irmãos eram Adevaldo, Isaura, Jonas e José, nascidos na Paraíba, e Egídia e Iornilda, nascidos em Taipu.

Gervásio fora acusado de acobertar o “roubo” da filha de Quinca Saldanha, que era cangaceiro e parente seu, e por tal, jurado de morte; fora aconselhado por amigos para mudar-se de lugar; resistiu, mas com tantas insistências, seguiu o conselho e, com os baús ao lombo de jumentos, transferiu-se com a família para Taipu.

Gervásio estabeleceu-se com a família em Taipu no ano de 1925; vida nova, nome novo, adotou Cícero Saldanha, as letras “C e S”, em relevo, na fachada da casa que pertence hoje ao neto Joca Saldanha; montou uma pequena fábrica de selas que abastecia toda a região, conforme escreveu a Professora Francisca Avelino em seu diário pessoal.

Já em Taipu, a família viveu um drama familiar, José Saldanha, irmão e parceiro de Sinhô nas serestas, namorou um jovem bem mais moça que ele; a família dela não aceitou o romance; desiludido, acordou sedo, foi à fábrica de selas do pai e ingeriu um germicida usado no tratamento dos couros, voltou para casa, deitou a cabeça colo da mãe e avisou do acontecido; a família, em desespero, buscou socorros, era tarde, José Saldanha partiu.

Sinhô Saldanha casou-se em Taipu, aos 08/11/1948, com Alzira Ribeiro Saldanha, que também era natural de Catolé do Rocha, no Estado da Paraíba, nascida aos 19/08/1918, filha de Almino Alves Ribeiro e Joaquina Araújo Ribeiro, ainda sua parenta; foram os pais de cinco filhos: Alzenira, Antônio Filho (Bibi), Américo José, Alzira, e Adalberto; Américo José faleceu bebê, em consequência do susto provocado pela queda de uma taboca de foguete sobre ele e sua mãe; viúvo de Alzira Sinhô casou-se em segundas núpcias com Maria Cícera Saldanha e foram os pais de: Ana Cláudia, Alexandre César, Américo, Elane e Angélica Vitúria.

Sinhô Saldanha e Dona Alzira eram muito espirituosos, acolheram na sua casa, por muito tempo, Tinho e Neguinho do Circo; há outros exemplos de solidariedade do casal: na cheia de 1964, quando a ponte rodoviária sobre o Rio Ceará Mirim caiu, e as pessoas, retornando de Natal, ficaram impossibilitadas de prosseguir viagem, Dona Alzira desacomodou os filhos para acomodar mulheres que não conseguiriam chegar às suas casas naquele dia.

Sinhô, por profissão, seguiu o pai, trabalhava de sapateiro, depois tornou-se Servidor Público, fora nomeado Escrivão de Polícia, porém nunca largou a música, uma de suas paixões da vida, habilidade que descobriu ainda muito jovem; aos dose anos de idade, tocando clarinete, ingressou na Banda de Música de Taipu, regida pelo Maestro Luiz Alves Pereira; na Banda de Música teve como colega Sebastião Barros, que viria a torna-se músico de projeção internacional, com o nome artístico de K-Ximbinho.

O dom musical de Sinhô é herança materna, sua mãe tocava concertina; tais dotes não foram herdados apenas pelos filhos Bibi e Alzira, o primeiro poeta e compositor, essa dona de uma voz encantadora, os sobrinhos Zeninha e Mequinho Saldanha também seguiram seus passos: Zeninha desde muito nova deslanchavam no acordeom e no violão, Mequinho encantou a sua geração com voz e violão; o dote musical da família Saldanha já chegou nos sobrinhos netos de Sinhô, os filhos de Mequinho, Dandão e Alan, continuam, orgulhosamente, mantendo a tradição musical familiar.

Sinhô também era astucioso: certo dia, na sua banca de trabalho, não conseguia se concentrar frente a algazarra, típica de adolescentes, dos amigos de Bibi que tinham como ponto de encontro a casa de Sinhô; de repente, como quem não tem outra intenção, perguntou se os jovens não estavam sabendo do Circo que estava para chegar na cidade; curiosos, em voz uníssima, responderam que não; então Sinhô contou-lhes que o Circo chegaria depois, mais os animais estavam chegando pelo trem, que devia chegar na cidade a pouco; correram todos para a estação, o trem passou sem trazer os animais, mas, pelo menos naquele dia, os jovens se entreteriam em outra “praça”.

Do Mestre Sinhô Saldanha guardo com muito carinho uns versos que ele me dedicou, datado de 28/07/1985:

“Você

Predestinado por Deus para ser bom

Ser leal, ser amigo verdadeiro

É dom de Deus esses tão belos predicados

Caminhos a passos firmes em seu roteiro

 

Invejável é seu belo proceder

Nesse mundo de tantas incertezas

Em que o avanço louco predomina

Clamando aos céus a própria natureza

 

Mas resoluto com o pensamento pleno

Pronto estar a servir o irmão carente

Que em horas de alegria ou de pranto

Para ajuda-los estar sempre presente

 

Louvo o teu exemplo tão sublime

E espero dialogar sempre contigo

Para assim poder cada vez mais

Acreditar que és verdadeiro amigo”

Sinhô Saldanha fechou os olhos para a vida aos 21/08/1992, foi se juntar aos seus, foi se juntar aos nossos; deixou um grande legado, uma grande contribuição para nossa cultura; havia recebido o título de cidadão taipuense aos 30/11/1992 e, em uma justa homenagem, e para orgulho taipuense, a Banda de Música Municipal recebeu o nome de “Compositor Antônio Saldanha”.

 Arnaldo Eugenio, 13/08/2021

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

Estaria nesta fotografia o Cel. Manoel Eugenio?

  Recebi esta foto de Clara Paiva de Moraes.  Para contextualizar: Clara é filha de Ubirajara Paiva de Moraes e de Zélia Ferreira de Lima,...