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domingo, 10 de agosto de 2025

SOBRE A CIDADE DE BENTO FERNANDES

 

SOBRE A CIDADE DE BENTO FERNANDES

 

No final da década de 1950, prevendo as eleições para sucessão, o governador Dinarte Mariz, conforme se apura pela empresa da época, negociou com as lideranças políticas a criação de vários municípios no Rio Grande do Norte, dentre os quais estava o povoado de Barreto, que se tornaria município com o mesmo nome.

O Sr. Teodorico Bezerra em conversa com íntimos diz que pelo menos 10 dias passará sem falar mal do Governador, como gratidão pelo gesto que teve, sancionando as leis que criavam municípios de seu real interesse. (Jornal Diário de Natal, edição de 5 de janeiro de 1959, pág. 2)

Aos 3 de novembro de 1958 o deputado Joaquim Alves da Câmara, apresentou o processo n.º 279, solicitando a criação do distrito de Barreto, justificando que a criação atendia aos requisitos exigidos pelo art. 75 e incisos da Constituição do Estado. A Lei Estadual n.º 2.328, de 17 de dezembro de 1958, criou o distrito de Barreto, subordinado ao município de Taipu.

O próprio deputado Joaquim Câmara, aos 18 de novembro de 1958, deu entrada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), da Assembleia Legislativa, no processo nº 258 solicitando a criação do município de Barreto. A matéria foi relatada pelo deputado Lauro Arruda, que deu parecer pela criação do município, apesar de estar o processo sem instrução da Câmara dos Vereadores, face do que sei das condições propícias ao funcionamento como município, conforme frisou o relator. Na Comissão de Constituição e Justiça, o deputado Stoessel de Brito deu parecer favorável, que foi aprovado por unanimidade, e na Comissão de Redação, o deputado Patrício Neto deu seu parecer pela aprovação do projeto. Foi então criado o município de Barreto pela Lei nº 2.353-A, de 31 de dezembro de 1958 e instalado a 1º de janeiro de 1959.

O município foi criado com os seguintes limites: a norte – com a fazenda “Água Fria”; ao sul – com São Paulo do Potengi; ao leste - com a lagoa de “Jurema”; e a oeste - com o município de João Câmara.

Pela Lei Estadual n.º 3.506, de 16 de outubro de 1967, Barreto passou a denominar-se Bento Fernandes, em homenagem a Bento Fernandes de Macedo, delegado assassinado por um forasteiro ao tentar debelar uma confusão durante as festividades em comemoração ao padroeiro de Barreto.

Bento Fernandes de Macedo, natural de São Gonçalo, nasceu entre os anos de 1848 e 1853, filho de Lourenço Fernandes de Macedo e sua segunda esposa Anna Joaquina de Jesus.

Bento Fernandes era do partido Republicano, amigo coronel Felismino Dantas, líder político da região, que apadrinhou a casamento da sua filha Luzia Fernandes de Macedo, com Cypriano Guedes de Moura, realizado em Barreto, aos 30 de novembro de 1905. Era também amigo do coronel Manoel Eugenio, presidente da Intendência de Taipu.

Bento Fernandes casou-se em três núpcias:

Primeiro, com Isabel Maria da Conceição, falecida em 1903, filha de Lutherino Fernandes de Macedo e de dona e Maria Roda da Conceição, com quem teve 16 filhos, Hermínio – 1876, José - 1877, Maria da Cruz – 1878 ou1879, Lourenço - 1880, Luzia - 1881, João – 1882, Maria do Carmo - 1883, Maria José – 1884, Francisca -1885, Manoel – 1886, Maria – 1887, Maria Emília – 1889, Maria Pia – 1891, Maria da Neves – 1893, Cícero – 1894, Maria das Dores – 1897;

Em segundas núpcias, Bento Fernandes casou-se catolicamente em Barreto, aos 30 de junho de 1908, e civilmente em Taipu, aos 16 de outubro de 1908, com Maria Augusta de Macedo, natural de Santa Cruz, nascida em 1885, filha de Emydio Augusto do Nascimento e de dona Umbelina Leopoldina da Câmara. Deste matrimonio nasceu Maria, aos 15 de novembro de 1911 e batizada em Taipu aos 16 de janeiro de 1914;

O terceiro matrimônio de Bento Fernandes foi com a prima Luzia de Macedo, casamento religioso realizado em Taipu, aos 28 de junho de 1914, ela filha de José Fernandes de Macedo e de dona Isabel Maria da Conceição. Do casal nasceu Bento, aos 3 de novembro de 1926, batizado em Barreto, pelo Vigário Afonso Lopes Ribeiro, aos 24 de dezembro de 1926, sendo seus padrinhos Augusto de Goez e Maria de Goez.

Imagem 01 – Assento de batismo de Bento, filho de Bento Fernandes de Macedo e de dona Luiza de Macedo – Fonte: livro de batizados da Paróquia de Nossa Senhora do Livramento de Taipu, digitalizado e disponível em https://www.familysearch.org/ark

 

As fontes pesquisadas indicam o falecimento de Bento Fernandes no ano de 1925, entretanto, esta informação precisa ser melhor apurada, visto que seu último filho, Bento, nasceu aos 3 de novembro de 1926 e foi batizada aos 24 de dezembro do mesmo ano.

Os prefeitos do Município:

1º - José Francisco de Souza – Zé Igapó (Provável) – Nomeado pelo então Governador Dinarte Mariz, no período da instalação do munício até 30 de janeiro de 1960;

Não é possível afirma que Zé Igapó foi o prefeito nomeado na instalação do município de Barreto, entretanto, derrotado na primeira eleição livre para prefeito de recém criado munícipio, Zé igapó encabeçou um movimento, sem sucesso, para revogar a lei de criação do município. Na matéria sobre o tema, publicada pelo jornal Diário de Natal, há uma referência a Zé Igapó como o prefeito derrotado, o que sugere que ele era prefeito nomeado e estava concorrendo ao cargo na eleição direta. A seguir, transcrição da matéria publicada pelo jornal Diário de Natal:

Comissão vai apurar irregularidades na criação do Município de Barreto.

Não haveria número suficiente de eleitores para transformação da Vila – Poderá ser revogada a lei de criação.

Uma comissão de deputados, entre os quais Angelo Varela e Abelardo Calafange, foi designada para apurar sobre irregularidades com a criação do município de Barreto.

Conforme noticiou o DIÁRIO DE NATAL há algum tempo, o prefeito derrotado na eleição Sr. José Igapó, candidato a (prefeito) daquela cidade, falou em solicitar a revogação da lei criando o munício de Barreto, alegando várias irregularidades, entre as quais: Não existe número de habitantes suficientes para a elevação do distrito; a lei que elevou a vila a distrito é posterior à que criou o município, sendo portanto inconstitucional; a Câmara Municipal de Taipu não teria sido considerada quando na tramitação de projeto pelo Legislativo.

Agora a situação em Barreto não é das mais normais, razão porque foi solicitada a presença de uma comissão de inquérito, a qual deverá apresentar os resultados do seu trabalho no mês de março, quando da convocação extraordinária do legislativo.

Caso sejam constatadas, mesmo, as irregularidades apontadas, acredita-se que seria apresentado projeto revogando a criação de Barreto.

(O jornal Diário de Natal, edição de 25 de janeiro de 1960, página 6 – Grifo nosso)

 

2º - Joaquim Alves da Câmara – 31/01/1959 a ??? (antes de 19/06/1961 – data de matéria do Diário de Natal com referência à renúncia);

Joaquim Câmara nasceu em Baixa Verde, quando o distrito ainda pertencia a Taipu, aos 17 de abril de 1925 e faleceu em Natal aos 13 de dezembro de 1966, sendo sepultado no Cemitério do Alecrim; filho de Alexandre Rodrigues da Câmara e de dona Maria Cândida Alves da Rocha (Câmara), sobrinho do Senador João Câmara e primo legítimo do ex-deputado federal Antônio Câmara.

Joaquim Câmara foi deputado estadual em duas legislaturas, pelo PSD, partido do seu tio João Câmara, entretanto, elegeu-se prefeito de Barreto pela UDN, do governador Dinarte Mariz.

O pleito ocorreu aos 4 de outubro de 1959 e Joaquim Câmara, teve como companheiro de chapa José Gomes da Silva (ou da Costa), derrotando José Francisco de Souza, conhecido por Zé Igapó. Foi uma eleição bastante tumultuada, sendo Zé Igapó acusado de fazer transferências irregulares de eleitores para Barreto. Segundo o professor João Batista dos Santos, em Crônicas Taipuenses, citando como referência “O Jornal”, edição de 9 /10/1959, P-8, a diferença entre Joaquim Câmara e Zé Igapó foram de, apenas, 6 votos.

Derrotado, Zé Igapó encabeçou uma campanha, sem sucesso, para revogar a lei de criação do munícipio.

Sabe-se que aos 30 de julho de 1960, o vice prefeito já havia renunciado, porém, não está claro se a renúncia do prefeito aconteceu juntamente com a renúncia do seu vive ou se foi posterior. O certo é que aos 19 de junho de 1961, Joaquim Câmara já não era o prefeito de Barreto.

TRE quer averiguar detalhes da renúncia do Prefeito e do vice-Prefeito de Barreto – Documentos havia suscitado dúvidas.

Em virtude da renúncia apresentada pelos Sr. Joaquim Alves da Câmara e José Gomes da Silva, dos cargos, respectivamente, de prefeito e vice-Prefeito do município de Barreto, o delegado do PSD solicitou ao Tribunal Regional Eleitoral a fixação da data para realização de eleições para provêr os referidos cargos.

O TRE resolveu converter o julgamento em diligência para requisitar livros de atas da Câmara de Vereadores daquele município por haver dúvidas sobre a renúncia suscitada pelos documentos que instruem os autos.

Foi relator do processo o juiz Paulo Pereira da Luz.

(O jornal Diário de Natal, edição de 19 de julho de 1961, página 8)

 

3º - Presidente da Câmara Municipal – Não Identificado – 1961;

Pela imprensa, o vice-Prefeito de Barreto comenta da renúncia, do apoio ao candidato ao governo do Estado de Dinarte Mariz, e que comunicou a atitude ao presidente da Câmara de Vereadores de Barreto, porém, infelizmente, não citou o nome do presidente.

O vice Prefeito de Barreto, Sr. José Gomes da Silva abandonando o grupo do Sr. Joaquim Câmara, prefeito daquele município, resolveu acompanhar a Chapa Djalma Marinho-Vingt Rosado, hipotecando irrestrita solidariedade aos candidatos apoiados pelo governador Dinarte Mariz.

A sua atitude foi muito bem recebida pelos habitantes de Barreto, que sufragarão o nome de Dalma Maranhão, por grande maioria. O Sr. João Gomes da Costa renunciou o cargo para o qual foi eleito por larga votação e enviou cartas ao governador Dinarte Mariz, comunicando sua atitude, bem assim ao Sr. Joaquim Câmara e ao Presidente da Câmara de Vereadores de Barreto.

(O jornal Diário de Natal, edição de 30 de julho de 1960, página 3)

 

4º - Lídio Fernandes de Oliveira – 1961 a 30/01/1965;

Lídio Fernandes de Oliveira, filho de Antônio Fernandes de Oliveira e de dona Auta Lira de Oliveira, nasceu aos 10 de agosto de 1914 e faleceu em Natal aos 5 de dezembro de 2018; casou-se com dona Beatriz Fernandes da Silva, filha de Júlio Rodrigues da Silveira e de dona Maria Amélia Rodrigues.

Lídio Fernandes elegeu vice-Prefeito de Taipu, na eleição de 5 de janeiro de 1958, para o período de 1959 a 1963, porém, pelo exposto, renunciou ao cargo para transferir seu domicílio eleitoral para Barreto. No pleito em questão, o prefeito eleito não foi seu companheiro de chapa, mas o adversário Vicente Ferreira da Cruz, visto que, na época, as eleições para os cargos de prefeito e de vice-prefeito eram separadas.

Na eleição de Barreto, realizada aos 3 de novembro de 1961, Lídio Fernandes, do PTB, compôs sua chapa com Jaime Ferreira de Andrade, e tiveram como adversários José Francisco de Souza (Zé Igapó) e Raimundo Barbosa, candidatos a prefeito e vice prefeito, respectivamente.

 

Panfleto da campanha de 1958 – Fonte: acervo pessoal do professor Gustavo Praxedes

 

5º - Tito Gomes da Silva – 31/01/1965 a 30/01/1970;

Tito Gomes da Silva, filho de Galdino Simião Gomes e de dona Maria do Ó da Silva, nasceu aos 12 de agosto de 1911 e faleceu em Natal, aos 24 de junho de 1975; casou-se em Taipu, aos 12 de setembro de 1936, com dona Maria Ferreira de Souza, filha de Vicente de Souza Catunda e de dona Maria Nicácio de Souza, nascida aos 7 de setembro de 1912.

Tito Gomes, do PTB, teve como companheiro de chapa José Calistrato Fernandes de Macedo, neto de Bento Fernandes de Macedo, enfrentando nas eleições de 24 de janeiro de 1965, Jaime Ferreira de Andrade, pelo PSD.

6º - Joana Ferreira da Cruz (Noca) – 31/01/1970 a 30/01/1973;

Joana Ferreira da Cruz, filha de Francisco Ferreira da Cruz e de dona Maria Rodrigues da Cruz, nasceu em Taipu aos 11 de abril de 1906; casou-se civilmente em Passagem Funda / Taipu, aos 15 de fevereiro de 1927, com seu primo legítimo Manoel Ferreira da Cruz, filho de Antônio Ferreira da Cruz e de dona Amélia Leopoldina da Câmara, nascido no lugar Maracajá / Taipu, aos 24 de agosto de 1904. Dona Noca era tia do Desembargador Osvaldo Ferreira da Cruz.

Candidata pela ARENA, Joana Ferreira da Cruz, juntamente com seu candidato a vice prefeito Jaime Ferreira de Andrade, derrotam nas eleições de 30 de novembro de 1969, Lídio Fernandes de Oliveira e Francisco Luiz do Amaral, candidatos a prefeito e vice-prefeito, respectivamente.

Joana Ferreira de Andrade (Noca) – Imagem postada no grupo do Facebook Filhos e Amigos de Taipu

 

7º - Jaime Ferreira de Andrade – 31/01/1973 a 30/01/1977;

Jaime Ferreira de Andrade, filho de Joaquim Vitorino de Andrade e de dona Romana Ferreira de Andrade, nasceu em Belo Horizonte, à época pertencente a Taipu, no ano de 1926 e faleceu em Natal, aos 27 de setembro de 1998; era casado com dona Maria Alvair Ferreira de Andrade.

Sobre seu pai, Joaquim Vitorino, há de se destacar, conforme noticiadas em várias edições do Jornal A Órdem, na segunda metade de década de 1930, a escola construída na povoação de Belo Horizonte, e mantida com seus próprios recursos, que funcionava com uma frequência regular de 25 alunos.

Jaime Ferreira de Andrade era descendente colateral do Cel. Manoel Eugenio Pereira de Andrade, de Taipu. O pai do coronel Manoel Eugênio, Eugênio Pereira de Andrade era irmão de Vitorino José de Andrade, bisavô de Jaime Ferreira de Andrade

8º - Joana Ferreira da Cruz (Noca) – 31/01/1977 a 30/01/1983;

Dona Noca elegeu-se para o segundo mandato, nas eleições de 15 de novembro de 1973, pela ARENA, tendo como seu vice-prefeito José Pinheiro da Silva, enfrentando o também Arenista Francisco Luiz do Amaral.

9º - Jaime Ferreira de Andrade – 31/01/1983 a 30/01/1988;

No segundo mandato de Jaime Ferreira de Andrade, eleito pelo PDS aos 15 de novembro de 1982, teve como companheiro de chapa Floriano Barbosa de Miranda.

10º - José Robenilson Ferreira - 01/01/1989 a 31/12/1992;

José Robnilson nasceu em Monte Alegre a primeiro de novembro de 1963, foi eleito pelo PFL aos 15 de novembro de 1988.

11º - Jaime Ferreira de Andrade - 01/01/1993 a 31/12/1996;

Jaime Ferreira de Andrade administrou a cidade pela terceira vez, elegendo-se aos 3 de dezembro de 1992, pelo PFL.

12º - Armando Emílio da Câmara - 01/01/1997 a 31/12/2000;

Armando Emílio da Câmara, eleito pelo PSDB, tendo como companheira de chapa a Sra. Rosa Maria de Paula Oliveira, elegeu-se aos 3 de outubro de 1996, derrotando os dois concorrentes a prefeito, Francisco Osman da Câmara – PT e José Pinheiro da Silva – PL.

13º - José Robenilson Ferreira - 01/01/2001 a 31/12/2004;

Voltou a administrar a Prefeitura de Bento Fernandes, elegendo pelo PFL a primeiro de outubro de 2000, derrotando Ivanaldo Fernandes de Oliveira.

14º - José Robenilson Ferreira - 01/01/2005 a 31/12/2008;

José Robenilson reelegeu-se nas eleições de 3 de outubro de 2004, desta feita tendo como seu vice-prefeito Ivanaldo Fernandes de Oliveira, e como oponente, João Batista de Medeiros.

15º - Ivanaldo Fernandes de Oliveira - 01/01/2009 a 31/12/2012;

Ivanaldo Fernandes de Oliveira, filho do ex-prefeito Lídio Fernandes de Oliveira e de dona Beatriz Rodrigues de Oliveira, foi batizado em Taipu, aos 14 de agosto de 1954, tendo como padrinho o ex-prefeito de Bento Fernandes Joaquim Alves da Câmara e dona Maria de Souza Câmara; casou-se em Natal, aos 17 de outubro de 1981, com Tércia Cristina de Andrade, filha do ex-prefeito Jaime Ferreira de Andrade e de dona Maria Alvair Ferreira de Andrade.

Nas eleições de 5 de outubro de 2008, Ivanaldo – PP, teve com companheiro de chapa Paulo Roberto Câmara, que derrotaram os candidatos a prefeito Clovis Felix da Silva – PT e João Maria Ferreira da Silva – PR.

16º - Ivanaldo Fernandes de Oliveira - 01/01/2013 a 31/12/2016;

Ivanaldo Fernandes de Oliveira reelegeu nas eleições de 7 de outubro de 2012, mantendo na chapa Paulo Roberto Câmara, desta feita, derrotando José Robenilson Ferreira, candidato pelo PR.

17º - Paulo Marques de Oliveira Júnior - 01/01/2017 a 31/12/2020;

Paulo Marques – PMDB, compôs sua chapa com o candidato a vice-prefeito José Robnilson Ferreira Júnior e, aos 2 de outubro de 2016. elegeram se prefeito e vice-prefeito, respectivamente, derrotando Francisca Francileide Nunes de Oliveira – SD.

18º - Paulo Marques de Oliveira Júnior - 01/01/2021 a 31/12/2024;

Paulo Marques se reelege a prefeito, pelo MDB, tendo com seu vice-prefeito Francisco Marques da Câmara; nestas eleições houveram 5 chapas postulantes ao cargo de prefeito, assim, os 4 candidatos derrotados foram: Tércia Cristina Andrade de Oliveira - PSB; José Robenilson Ferreira Júnior - PSDB; José Nicácio Teixeira (Deca do Sindicato) PCdoB; Francisca Francileide Nunes de Oliveira – PL.

19º - Jollemberg Soares Dantas - 01/01/2025 a 31/12/2028;

Nas eleições de 6 de outubro de 2024, a dupla Jollembers Soares - Prefeito e Everton Jhony - vice prefeitos, ambos pelo MDB, derrotaram Josino Ribeiro Bilro – UNIÃO e Jacson Dantas – PSOL.

 

 

Fontes:

Rio Grande do Norte / Assembleia Legislativa – História Legislativa dos Municípios do Rio Grande do Norte.

Silva, José Humberto. A Vila de Taipu e as famílias Ferreira da Cruz e Boa da Câmara. Natal – 2011.

Jornal A Ordem.

Jornal Diário de Natal.

https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rn/bento-fernandes/historico,  acessado em 15 de julho de 2025.

https://memorial.al.rn.leg.br/index.php/parlamentares/legislaturas, acessado em 15 de julho de 2025.

http://adcon.rn.gov.br/ACERVO/idema/DOC/DOC000000000016652.PDF - acessado em 15 de julho de 2025.

https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/NORDESTE/RN/14422 - acessado em 15 de julho de 2025.

https://divulgacandcontas.tse.jus.br/divulga/#/candidato/NORDESTE/RN/14431 - acessado em 15 de julho de 2025.

https://cronicastaipuenses.blogspot.com/search?q=bento+fernandes - acessado em 15 de julho de 2025.

 

Arnaldo Eugenio de Andrade, agosto de 2025

quarta-feira, 12 de março de 2025

SOBRE TAIPU, DE ANTES DA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DA VILA

 

SOBRE TAIPU, DE ANTES DA EMANCIPAÇÃO POLÍTICA DA VILA

Uma definição:

Taipu é uma terra pequena, onde, dos devaneios de nossos avós, amores dos nossos pais e sonhos enluarados da infância, fazem dela o relicário da nossa meninice, tão longe e tão perto do coração. Dir-se-ia que naquele rincão descansava a felicidade no meio da carência de tudo.

Fonte: Luiz Viana, taipuense, autor do livro “Temas e Reflexões”

Primeiras referências:

Na carta geográfica de Meregrav e nos mapas de Ving-boons não aparece topônimo que possa ser identificado com Taipu.

A mais antiga referência que conheço, possível o primeiro registro do topônimo, ocorre na relação das aldeias que o padre Manoel de Moraes enumera como existentes na Capitania do Rio Grande, entre 1640 e 1643.

Escreve o padre Manuel de Moraes, findando a informação: - “ITAIPI, sete (milhas) ao oeste do Rio Grande” ... Esse Rio Grande é o rio Potengi.

Fonte: Luiz da Câmara Cascudo – Acta Diurna – Diário de Natal 18/11/1949, segunda página

Taipu Grande, antiga comunidade do Poço Branco Velho:

Em 21 de novembro de 1709, o capitão mor Governador da Capitania do Rio Grande, André Napoleão da Costa, doa ao Tenente Manoel Rodrigues Coelho, terras devolutas na paragem chamada Taipu Grande. Era a Sesmaria 212.

“...Senhor capitão-mor e governador, diz o coronel Manuel Rodrigues Coelho, morador nesta cidade, que ele suplicante não tem terras suficientes para criar suas criações de gado vacum e cavalar e como se acham devolutas e desaproveitadas na paragem chamada Taipu Grande, pede para Vossa Mercê lhe faça mercê conceder em nome de Sua Majestade, que Deus guarde, de 3 léguas de terra de comprimento e 1 de largura, fazendo pião no poço chamado Taipu Grande, com légua e meia para cima pelo dito rio e outra . . . . . para baixo pelo mesmo rio e com meia légua para cada parte do rio, sem exceder a taxa para ele e seus herdeiros, ascendentes e descendentes, livre sem foro nem pensão alguma e em tudo receberá mercê...”

“...Dada e passada nesta cidade do Natal, capitania do Rio Grande aos 22 dias do mês de novembro de 1709. E eu, José da Silva Vieira, escrivão da Fazenda Real, das datas de demarcações, que a escrevi...”

Fonte: Ana Lunara da Silva Morais, Carmen Margarida Oliveira Alveal, Elenize Trindade Pereira, Marina Monteiro Machado e Thiago Alves Dias – Capitania do Rio Grande (do Norte), 1600 – 1831- Páginas 235 e 236.

Evidência de habitação:

Mesmo no litoral oriental da Capitania, a ocupação ainda era praticamente inexistente ao norte de Natal ainda no início do século XVIII. Nas proximidades do Ceará-Mirim havia várias fazendas, mas Taipu, a noroeste de Natal e situada a cerca de 50 km da capital potiguar, era a aglomeração mais ocidental da zona litorânea da Capitania ainda em 1712 (Rubenilson Brazão Teixeira, 2009, p. 377, 387).

Fonte: Rubenilson Brazão Teixeira - Gênese e formação histórica do território potiguar: uma breve análise a partir da cartografia.

No diário de viagem de João da Mata Gama:

No diário da viagem de regresso para o Reino, de João da Maia Gama, em inspeção das barras dos rios do maranhão e das capitanias do norte, regresso iniciado aos 4 de setembro de 1728 e, já às margens do Rio Ceará Mirim, no ano de 1729, quatro lugares são citados com nome de Taipu:

“...Pelo que apressamos a viagem e a 22 partimos e passamos o dito Cearamirim doze vezes que estava seco, e passamos o sítio chamado o Taipu, e o Caruru e fomos a fazenda chamada a pedra da Boa Água...”

“...A 7, saímos desta fazenda e marchamos também por águas e lamas que chegavam até as selas, passamos o Primeiro Taipu e com chuva continuada já montados a cavalos e com bastante perigo atravessamos a várzea que chamam do Taipu, e baixos cheios de água que nos chagava até as barreiras da sela e marchamos molhados já de noite com um guia para nos livrar do negregado rio Cearamirim, e nos fomos aquartelar no sítio Taipu de Baixo...”

Fonte: Hélio Galvão. História da Fortaleza da Barra do Rio Grande. MEC, Conselho Federal de Cultura, 1979. Pág. 277, 278, 279 e 280.

 

Criação da Vila de Extremoz:

Até a criação da Vila de Extremoz, o curado de Taipu pertencia à freguesia de Nossa Senhora da Apresentação de Natal

O Desembargador Bernardo Coelho da Gama Casco instalou, aos 03 de maio de 1760, o Município e Freguesia da VILA NOVA DE SÃO MIGUEL DE ESTREMOZ DO NORTE.

“Ainda com os olhos cheios d’água pela ausência dos jesuítas amigo, GUAGIRU assistiu no dia 3-5-1760 a mudança do nome de sua terra, quando o desembargador BERNARDO COELHO DA GAMA CASCO, dando os 3 vivas rituais ao REI DE PORTUGAL, declarou instalado o Município e Freguesia de VILA NOVA DE S. MIGUEL DE ESTREMOZ DO NORTE, transladando para o Brasil o nome do bucólico aduar mourisco de Alequer”

Fonte: Júlio Gomes de Senna. Ceará Mirim Exemplo Nacional – 1938 – 1972, Volume I, 1974 – Página 419

 

Registros de Taipu nos livros da antiga Catedral de Nossa Senhora da Apresentação de Natal:

Adriana, filha legitima de Pedro Coutinho natural do Curado do Taipu e de [?] Maria desta freguesia neta por parte paterna de Joze [?] natural de Serinhaem e de Dona Maria do Padro natural das Alagoas e pela parte materna de Rogerio de Olanda e Anna Maria naturais desta freguezia nasceu aos quatro de fevereiro do anno de mil setecentos setenta e três e foi batizado com os santos óleos de licença minha na Capella de Nossa Senhora da Conceição do Jundiahi pelo Padre Theodozio da Rocha Vieira Vigario da Villa de Sam Joze aos vinte e nove de junho do anno digo do dito anno; foram Padrinhos Bento do Rego Bezerra e Bernarda Correa de Araujo, sua mulher moradores digo mulher do Sargento mor Rodrigo Alvares Correa; De que mandei lançar este assento em que me assiney. Pantaleão da Costa de Araujo, Vigario do Rio Grande

Antonio, filho legitimo de Joze da Fonceca Lira natural do Taipu, e de Thereza Maria de Jezus da freguezia de Nossa Senhora dos Prazeres de Goyaninha, neto por parte paterna de Francisco Lopez e de Bernarda Bezerra, naturais do Taipu, e pela materna de Joam Manoel de Viveiros natural da dita freguesia de Goyaninha, e de Luiza Tavares da Villa de Goyana freguesia de Nossa Senhora do Rozario, nasceu no mês de maio do anno de mil setecentos e setenta e quatro e foi batizado com os santos oleos de licença minha na Capella do Jundiahi pelo Padre Joam Tavares da Fonceca aos vinte e cinco de Junho do dito anno; foram padrinhos [?] Duarte e Felipa filha do dito; do que mandei lançar esse assento em que me assinei. Pantaleão da Costa de Araujo, Vigario do Rio Grande.

Fonte: Catedral de Nossa Senhora da Apresentação de Natal, livro de assento de batismos. Documento digitalizado e disponibilizado via https://www.familysearch.org/ark

 

A Sesmaria da Serra Pelado, do Padre Fidelis:

O Padre Fidelis de Paiva Ferreira, ao que tudo indica, foi o “arquiteto” da Vila de Taipu.

“...Fazemos saber aos que esta carta de data e sesmaria virem que porquanto nos enviou a dizer por sua petição, cujo teor é o seguinte: Ilustríssimos senhores do governo interino, diz Fidélis de Paiva Ferreira da capitania da Paraíba que nesta do Rio Grande do Norte se acha uma porção de terras devolutas e desaproveitadas, dos providos do rio Ceará-Mirim para a parte do sul, buscando, diz no lugar intitulado Serra Pelada, ficando-lhe o sítio do Juandú ao poente e o do Mar Coalhado do nascente, as quais terras são secas e de caatingas, que servirá para criar seus gados, fazendo-lhe algum benefício, como pretende o suplicante, à vista de sua fazenda, e requer que se lhe concedam três léguas da mesma terra, fazendo pião no mesmo lugar da Serra Pelada com légua e meia para a parte do rio Ceará-Mirim, que fica ao norte, e légua e meia para a parte de Camaragibe, que fica ao sul, e légua e meia para o Mar Coalhado, que fica no nascente, e légua e meia para o Juandú, que fica do poente ou como melhor conta fizer ao suplicante na forma da taxa ou fazendo pião como diz onde melhor conta lhe fizer, mandando lhe passar a referida data na forma das reais ordens, para si e seus herdeiros, ascendentes e descendentes, pagando o dízimo a Deus dos frutos da dita terra....”

“...Ilustríssimos senhores governadores interinos, com a informação do escrivão da Real Fazenda, informo as Vossas Senhorias, à vista da qual e das reais ordens mandarão o que forem servidos. Natal, 13 de setembro de 1811 // Manuel Inácio Pereira do Lago // Informe o escrivão deste Senado. Cidade do Natal, em vereação de 28 de setembro de 1811...”

Fonte: Ana Lunara da Silva Morais, Carmen Margarida Oliveira Alveal, Elenize Trindade Pereira, Marina Monteiro Machado e Thiago Alves Dias – Capitania do Rio Grande (do Norte), 1600 – 1831- Página 404.

 

O Correio para Natal, passando por Taipu:

“...O Correio fora estabelecido pela Real Ordem de 26 de fevereiro de 1798. O governador da Capitania do Ceará criou-o na sua jurisdição em 1/] de maio de 1812, dirigido pelo escrivão da Junta da fazenda. O caminheiro, como se chamavam, passava por Mossoró e Assu e recebia correspondências ainda em São José de Mipibu indo para a Paraíba e daí a Pernambuco...”

“...Em 22-11-1817 o governador da Capitania do Rio Grande do Norte, senhor José Inácio Borges, respondendo ao general Luís do Rego Barros, governador de Pernambuco, enviava pormenores sobre a ligação de um serviço mais completo de correio desde a Capitania do Ceará. Informava mesmo que “a Fazenda Real e os particulares fazem não pequena despesa com correios a Pernambuco” e propunha que o caminheiro viesse à cidade (de Natal), mostrando conveniências incontáveis. Do lugar Cruz de Taipu de Fora, ponto de confluência das duas estradas para a vila de São José pela Utinga e para a mesma Vila de Natal, seria uma pequena diferença de cinco léguas. E demonstra: “Da Cruz do Taipu de Fora ao engenho da Utinga são cinco léguas e desta à vila de S. José, nove, total de treze léguas. Da mesma Cruz do Taipu de Fora à vila de Estremoz são cinco léguas; de Estremoz a Natal, três léguas e do Natal a S. José, nove léguas, total dezessete”. Sugeria um administrador em Natal com ordenado anual de 50$000. Os caminheiros seriam indígenas de Estremoz, ganhando 240reis diários...”

Fonte: Luís da Câmara Cascudo. História da Cidade do Natal – Correio e Telégrafo. Páginas 318 e 319.

 

Efervescência religiosa na Serra Pelada do Padre Fidelis:

O ano de 1838 foi de efervescência religiosa na Serra Pelada, conforme constata-se pelos registros dos livros de assentos de batismos e casamentos, da paróquia de Nossa Senhora da Conceição de Ceará Mirim. Os eventos, realizados no oratório privado do dito padre.

Como exemplo, um registro de batismos que teve como padrinhos Manoel Gomes da Costa e sua mulher Clara Maria de Jesus (Paiva). Manoel Gomes e Clara foram os patriarcas da família Gomes da Costa, uma das principais famílias da Vila de Taipu.

“Aos nove de Setembro de mil oitocentos e trinta e oito no oratório da Pelada, o Padre Fidelis de Paiva Ferreira, de lincença, baptizou e pos os Santos Oleos a João, nascido a dois meses, filho legitimo de José da Rocha e Franca Maria, foram Padrinhos Manoel Gomes da Costa e sua mulher Clara Maria de Jesus, e para constar mandei este assento que assignei.”

Fonte: Paróquia de Nossa Senhora da Conceição, Ceará Mirim / RN, Livro de Assentos de Batizados, de 1838 a 1848, pág. 155. Documento digitalizado e disponibilizado por https://www.familysearch.org/ark

 

O requerimento para construção da Capela à Nossa Senhora do Livramento:

Bernardo José da Costa Gadelha, desejando ver na sua propriedade o surgimento de um núcleo de população e aliando a esse voto, uma devoção a Nossa Senhora do Livramento, resolvem, ele e sua mulher D. Maria do Carmo, doar um pedaço de terra para a edificação de uma capela àquela Senhora.

Encontrando-se em São Gonçalo, em visita pastoral, o bispo diocesano Dom João da Purificação Marques Perdigão, a 2 de outubro de 1839, Bernardo José, chega a presença do prelado com um requerimento, pedindo licença para edificar uma capela a Nossa Senhora do Livramento, no Taipú do Meio, com direito celebração de Missas. O bispo anuiu seu pedido, na condição, se que seja antes doado o patrimônio e para a benção litúrgica da capela, seja ela examinada pelo vigário de Extremoz.

Fonte: Monsenhor Severino Bezerra. Nossa História – Taipu. Jornal “A Ordem”, edição de 30 de novembro de 1963, Página 6.

Nota: Este encontro, em São Gonçalo, de Bernardo José com o bispo Dom João, deve ter acontecido após a passassem do religioso por Taipu, assim, da data de 2 de outubro de 1839 e conflitante com os dias em que o Bispo ficou em Taipu, 8 a 10 de novembro de 1839.

 

Passagem do Bispo Dom João da Purificação Marques Perdigão Purificação por Taipu:

Nos dias 8, 9 e 10 de novembro de 1839, passou por Taipu do Meio o Bispo de Olinda Dom João da Purificação Marques Perdigão Purificação.

“Dia 9. Despachei 2 requerimentos do padre Gama, recebidos no mesmo dia, e atendendo à longitude de muitas pessoas, que estavam chegando, e como era mister que todos os crismandos recebessem a imposição de mãos, fui obrigado a principiar a ação do santo crisma pelas 8 horas da noite, administrando este sacramento a mais de 1.000 pessoas, terminando depois da meio noite, antes  da qual supliquei a comida de uns ovos fritos, por não poder fazer a prática sem alguma refeição em consequência de ter jantado com muita parcimônia. Esta prática finalizou pela uma hora, assistindo muito maior número que os crismandos. Nesta noite veio ter comigo o reverendo Fidelis para me cumprimentar, tendo idade de 70 anos.”

Fonte: Francisco Fernandes Marinho – O Rio Grande do Norte sob o Olhar dos Bispos de Olinda. Páginas 99 a 100.

 

Boca da Mata passa à categoria de vila e muda nome para Ceará Mirim:

Em 1855 o povoado de Boca da Mata foi elevado à categoria de Vila, por iniciativa do Deputado Manoel Ferreira Nobre, apoiando e aplaudindo o projeto, o Deputado José Alexandre Seabra de Melo dirigiu-se à Assembleia Legislativa Provincial, em 16-7-1855, pedindo a transferência da sede da Vila Nova de Estremoz do Norte, para Boca da Mata, com o nome de Briosa Vila de Ceará Mirim.

Esse elogioso qualitativo, devido aos nobres feitos dos índios Poti e aos dedicados e estudiosos homens do vale, provocou protestos em Estremoz, liderados por Jerônimo Cesar de Andrade, que apresentou à Assembleia, em 2-8-1855, um abaixo-assinado, com 486 assinaturas e um contra-protesto do “Presidente” Antônio B. Ramos. Visavam, por certo, um retardamento ou anulação da mudança. Em 9 de agosto de 1955, porém, Francisco Antônio Lopes de Vasconcelos, Presidente da Câmara Municipal de Estremoz, mais 4 Vereadores e 93 assinaturas, aplaudindo a transferência, dirigiu-se, em ofício, à Assembleia Provincial.

Asim um novo projeto foi aprovado por Lei Provincial 321, de 18-8-1855, sancionada pelo “Presidente” Antônio Nogueira de Passos, retirando J. M. Júlio Chaves o qualitativo de e promovendo a mudança para Vila de Ceará Mirim, sem o adjetivo “Briosa”.

Em atenção às reclamações chegadas, ainda o Presidente Antônio Bernardo de Passos, pela resolução 345, de 4 de setembro de 1856, suspendeu a execução da lei 321 e condicionou a transferência à construção da Cadeia e da Intendência Municipal (Casa da Câmara).

Em 30-7-1858, o “Presidente” Nunes Gonçalves assinou a Lei 370, tornando sem efeito a suspensão da transferência, que se realizou normalmente, e o povoado passa a chamar-se Vila de Ceará Mirim.

Fonte: Júlio Gomes de Senna. Ceará Mirim Exemplo Nacional – 1938 – 1972, Volume I, 1974 – Páginas 457 e 458.

 

Criação do distrito de paz de Taipu do Meio em 1851

Conforme Câmara Cascudo (2002) informa no ano de 1851 foi criado o distrito de paz do Taipu do Meio, pertencente ao município de Ceará Mirim. Cascudo não fornece maiores informações sobre a criação do distrito, tão pouco se encontrou documentos que corroborasse essa informação.

Segundo as leis vigentes à época um distrito só era criado caso atendesse a certos requisitos básicos, como ter uma feira regular, por exemplo, ou uma escola, mas o mesmo Câmara Cascudo informa que a primeira escola em Taipu só foi criada em 1864.

Fonte: João Batista dos Santos – Crônicas Taipuenses.

 

Autorização para construção da capela de Nossa Senhora do Livramento:

Dom João da Purificação Marques Perdigão

Bispo de Pernambuco

Fazemos saber, que nos enviaram a dizer os habitantes da Picada do Ceará Mirim, da Freguesia de Extremoz, que eles queriam erigir uma Capela por invocação de Nossa Senhora do Livramento, em lugar decente, para o que já haviam constituído suficiente Patrimônio, pedindo-nos por fim de sua suplica lhes concedêssemos licença para se erigir a dita Capela, e benzer a primeira pedra, e a lançar no lugar costumado. E atendendo nós a sua justa suplica, visto ser obra tão pia do serviço de Deus, e bem das almas, por nos acharmos legitimamente impedido para fazermos pessoalmente esta função, que só a nós pertence de direito, cometemos nossas vezes do Reverendíssimo Pároco da dita Freguesia, para que possa benzer a primeira pedra, sendo afeiçoada por oficial de pedreiro, com as cruzes necessárias, e lança-la no lugar, que lhe compete, segundo as disposições do Ritual Romano; e depois de ereta se requererá a bênção dela. Dada em visita na vila do Jardim sob o sinal de Nosso Reverendíssimo visitador ao 11 de novembro de 1861. Eu Padre Francisco Adelino de Brito Dantas a escrevi.

Francisco Justino Pereira de Brito

Vigario Visitador.

Fonte: Livro Tombo Nº 1, Paróquia de Nossa Senhora do Livramento de Taipu -RN. Página 64.

 

Lavratura do termo de doação da Terra da Santa

A “Terra da Santa” ou Patrimônio de Nossa Senhora do Livramento era uma porção de terra, no lugar denominado Taipu do Meio, na Picada do Ceará Mirim, que fora doada, para a construção de uma capela em homenagem à santa de devoção da família dos doadores, que era, justamente, Nossa Senhora do Livramento. Os doadores foram o Senhor Bernado José da Costa Gadelha e sua esposa, Dona Maria Ignácia do Carmo, que tinham a posse da terra por compra aos senhores Domingos Henrique de Oliveira e Manoel Bento.

“...; que essa terra livre e desembaraçada e nessa conformidade doão dela ou nela, cento e vinte e cinco braças em quadro que servirão ao Patrimônio de Nossa Senhora do Livramento, e para a ereção de uma Capela ali pertencente a essa Senhora, que será a posse no quadro da povoação de Taipu do Meio, pegando da Alagoa denominada Buraca para o Sul, e do Leste a oeste, até onde der as cento e vinte e cinco braças da presente doação sempre medidas em quadro; ...”

“...; e esta doação só terá lugar no caso de se edificar a capela da Senhora do Livramento, e no caso disso não se realizar ficará de nenhum efeito a presente doação, e voltará a terra aqui doada para eles doadores ou para seus herdeiros.”

Fonte: Lavratura do termo de doação realizada no Segundo Cartório Judiciário de Ceará Mirim, conforme consta no Livro de Notas no 3, nas folhas 28v a 30, com data de vinte nove de outubro de mil oitocentos e sessenta e um (29/11/1861).

 

Inauguração da Capela

Não temos uma data certa da construção da capela após a doação do patrimônio pelo Bernardo José (da Costa) Gadelha, no entanto, podemos julgar que tenha sido em 1962 ou 63 e desse modo a atual Matriz entra na data de seu jubileu, no primeiro centenário de sua construção.

Fonte: Monsenhor Severino Bezerra. Nossa História – Taipu. Jornal “A Ordem”, edição de 30 de novembro de 1963, Página 6.

 

Primeira escola de Taipu

É de crer não ter existindo escolas em Taipu antes da primeira metade do século XIX. Foi a partir da segunda metade do século, que o Governo Provincial, através da Lei nº 566, de 21 de dezembro de 1864, criou uma cadeira de primeiras letras para o sexo masculino, no então Povoado de Taipu do Meio. No ano de 1875, o professor Lourival Soares da Câmara lecionava na cadeira de primeiras letras do sexo masculino na Povoação de Taipu.

Fonte: Gustavo de Castro Praxedes – Conhecendo Nosso Município (História de Taipu) – Página 7.

 

O primeiro registro que encontramos da Capela de Taipu

Aos vinte e um d’Outubro de mil oito centos e sessenta e seis na Capela do Taipú desta freguesia corridos os santos just trid, uni em matrimônio com a solenidade das bençãos os contratantes José Barbosa Maciel e Maria Magdalena Barbosa, elle filho legitimo de Manoel Antônio Barbosa e Maria Joaquina da Conceição e ella filha legítima do finado Felippe Santiago Barbosa e Antônia Maria da Conceição, sento testemunhas Antônio Gomes Rodrigues da Silveira e Manoel josé de Farias. Do que fiz este assento que assigno. Targino Paulino de Carvalho Parocho Collado

Fonte: Paroquia de Nossa Senhora da Conceição de Ceará Mirim, Livro de Matrimônios nº 4, de 1864 a 1873, página 56, assento 122 – Documento digitalizado e disponibilizado por https://www.familysearch.org/ark

 

Criação da escola para o sexo feminino

A Lei nº 843, de 23 de junho de 1882 criou uma escola para o sexo feminino em Taipu.

ART. 2º Ficam criadas para o sexo masculino uma cadeira na povoação de Perequito, uma na do Jardim, uma na de São Fernando e uma 2ª na cidade do Príncipe; e para o sexo feminino: uma na povoação de Taipú, uma na Areia Branca, uma na do Espírito Santo, e outra na freguesia de Santa Rita na Cachoeira, e uma 2ª na cidade de Ceará Mirim, outra na de São José do Mipibu e outra em Macau.

Fonte: Collecção de Leis Provinciaes do Rio Grande do Norte – Anno de 1868, Edição de 00001 de 1882, página 8.

 

Emancipação política de Taipu

O município de Taipu, na zona agreste do Rio Grande do Norte, foi criado no governo de Dr. Francisco Amintas da Costa Barros, pelo Decreto nº 97, de 10 de março de 1891. O povoado de Taipu, elevando-se à categoria de vila passara a constituir a sede do município do mesmo nome, com o território desmembrado do município d Ceará Mirim. O Decreto nº 457, de 29 de março de 1938 veio conferir depois o título de cidade À então vila de Taipu.

Fonte: Nazareno Nogueira – TAIPU, página 7.

Sobre o movimento que levou Taipu à emancipação, não se sabe, nenhum registro foi encontrado, a possibilidade do Coronel Felismino Dantas, o grande líder político da região, ter encabeçado tal movimento, é pouco provável, visto que, na primeira eleição de Taipu, quando já emancipado, aos 10 de maio de 1891, para a assembleia constituinte, o Coronel Felismino obteve na primeira urna, apenas 11 votos, enquanto os concorrentes mais votados obtiveram 70 votos, além de que, o coronel Manoel Eugênio Pereira de Andrade, o principal aliado político de Felismino Dantas, na Vila de Taipu, não foi nomeado a nenhum cargo publico na vila, nem antes nem depois da emancipação, embora tenha sido presidente da intendência, por vários mandatos consecutivos, mas sempre por eleição direta.

 

Os primeiros presidentes da intendência, nomeados

1º Capitão Cândido Marcolino Monteiro, de 03/04/1891 à 30/12/1891 – 8 meses e 27 dias.

2º Joaquim Manoel de Souza, de 31/12/1891 à 09/03/1892 – 3 meses e 10 dias.

3º Silvino Raposo de Oliveira Câmara, de 10/03/1802 à 15/09/1892 – 6 meses e 5 dias.

Fontes:

Nazareno Nogueira – TAIPU, página 17.

Jornal “A REPÚBLICA” edição nº 143, de 16/01/1891 – Exoneração de Cândido Marcolino Monteiro e nomeação de Joaquim Manoel de Souza.

Jornal “A REPÚBLICA” edição nº 157, de 19/03/1892 (a data em referência é 09/03/1892) – Exoneração de Joaquim Manoel de Souza e nomeação de Silvino Raposo de Oliveira Câmara.

 

Primeiros intendentes eleitos

O presidente da intendência equivalia ao cargo de prefeito enquanto os intendentes era o que se denomina hoje de vereadores.

Na eleição realizada aos 11 de setembro de 1892 forma eleitos para a gestão do triênio de 1893 a 1895, os seguintes postulantes:

Francisco de Paula Paiva -                            presidente da intendência

João Estanislau de Oliveira –                        intendente

Cel. Manoel Eugenio Pereira de Andrade – intendente

Henrique Basílio do Nascimento –               intendente

Vicente Rodrigues da Câmara –                    intendente

Manoel Gomes Cavalcante –                        intendente

Francisco Guedes da Fonseca Taboca -         intendente

 

Fonte: Jornal “A República”, edição nº 183, de 17 de setembro de 1892, página 3 – resultado das eleições municipais.

 

 

 Arnaldo Eugenio de Andrade, 12 de março de 2025

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