Tudo começou em cajazeiras, que hoje é a localidade
do Umari em Taipu-RN, antigamente o lugar para lá da ponte do Umari, se chamava
Cajazeiras, os pais de sua mãe moravam nesse povoado onde os pais de sua mãe
tinham uma fazenda. Os pais de sua mãe chamavam-se: Minervino Vitorino de Souza
e Maria Furtunata do espírito Santo, quando o seu pai Antônio, conheceu sua
mãe, numa linda manhã de sábado quando a viu encantou-se por sua beleza, nesse
dia ela tinha a idade de quatorze anos, no outro sábado pediu-a em casamento
sendo realizado no sábado seguinte. No entanto, é interessante destacar que
Antônia conta que fez um pedido a Santo Antônio que queria casar para se livrar
de sua madrasta que não era uma pessoa boa para ela, e em uma ocasião a noite
no pé de uma árvore, chorando pediu a Deus que queria ir embora, e que gostaria
muito de morar perto da Igreja católica. E Deus realizou o seu pedido,
encontrou o meu o Sr Antônio Viana de Miranda, que por coincidência ou
providência divina, morava praticamente vizinho a igreja católica de Taipu. Ela
com a idade de 14 anos e ele com cinquenta. Dessa união nasceram 12 filhos
desses 12, dois vieram a falecer crianças. Chamavam-se Irene e Francisco
Canindé. Seu pai Antônio Viana faleceu, vítima de um acidente. Tinha feito uma
promessa pela cura de seu filho Wilson Viana a São Francisco Canindé e seguiram
em romaria com muitas outras pessoas de Taipu a Juazeiro no Ceará, como de
costume todos os anos, na viagem estava acompanhado também pelo seus filhos
Lourdinha e Toinho. Seu pai tinha na época setenta e três anos, no dia quatorze
de dezembro de 1955 ocorreu esse triste acidente, havia muitas pessoas na carroceria
do caminhão chamado misto, antigamente não havia legislação referente a esse
negligência, e as pessoas viajavam muito a carro aberto, ele recorda-se que o
carro virou, e faleceram oito pessoas. Na ocasião o seu pai faleceu nos braços
de sua filha Lourdinha, um momento muito triste para todos e para toda cidade.
Lembra-se que seu pai tinha uma irmã que morava em Passagem Funda que se
chamava Virgovina, sendo que não constituiu família, o que sabe que a família
do seu pai se dividiu, eles eram da Serra de Martins no RN, naquela época a
situação era muito precária e eles procuraram melhores condições de vida, e que
parte foi para Fortaleza - CE outros vieram para Taipu- RN, seu pai tinha dois
irmãos e três irmãs, Miguel Viana, um dos irmãos do seu pai, casou-se,
inclusive com a mãe de Manoel de Juca de Taipu-RN, seu pai era agricultor e
tinha propriedade em Cajazeiras e Umari no município de Taipu e tia Mariinha
que era solteira sempre morou com eles. Sua mãe Antônia, fica viúva, com trinta
e seis anos, apesar de ser bem nova e tendo que sustentar seus filhos. Sua mãe
deu continuidade a cuidar da lavoura já que o pai era produtor e assumindo todo
o trabalho na agricultura com determinação, coragem e valentia para sustentar
os filhos que eram dez, menos um que estava na marinha seu irmão mais velho
José Viana, nesse período, que ficou sendo o arrimo da família. Aluízio tinha
na época 13 anos. Ele recorda-se que soube da morte de seu pai, quando estava
brincando no pé de figo de Sinésio Cruz, com outros garotos. O corpo do seu pai
foi o primeiro a chegar, Lourdinha veio com Toinho seu irmão e quem emprestou o
dinheiro para pagar o carro de Mossoró para Taipu, foi Ornilo Cruz, que na
época era namorado de Lourdinha, e arranjou quatro mil cruzeiros. Depois sua
mãe Antônia, pagou o empréstimo a Ornilo Cruz. Sua mãe continuava na luta como
agricultora e também costurava e era considerada a melhor costureira de Taipu.
Para ajudar no sustento de seus filhos. Aluízio recorda-se que sua mãe era a
enfermeira de Taipu já que não havia esse profissional na nossa cidade. Era ela
que de dia ou de noite, chovendo ou com sol quente, a pé ou a cavalo ia às
casas nos sítios afastados ajudar a essas pessoas que estavam doentes
precisando tomar injeção para aliviar a febre e as dores e até mesmo nos
partos. No surto do paludismo sua luta redobrou para acudir essas pessoas
necessitadas de cura como também de uma palavra de conforto. Aluízio recorda
com carinho a dedicação de sua mãe para com a Igreja, muito católica e
participava dos eventos da igreja. Como presidente do Apostolado do Coração de
Jesus cabia a ela cuidar da igreja e receber com um amor filial os padres que
por Taipu passavam e preparar a casa paroquial para recebê-los. Ela tinha uma
grande devoção a Nossa Senhora do Livramento que transmitiu aos seus filhos
como herança. Na festa da padroeira era ela com Isaura Saldanha que retiravam a
imagem de Nossa Senhora do Livramento e todo empenho e amor maternal a
preparava no andor como quem estava preparando uma filha para a sua grande
festa “a procissão” Sua mãe antes de falecer fez um pedido a ele, de nunca
abandonar a igreja católica. Ele recorda-se que o funeral de sua mãe foi
acompanhado pelo vigário Padre Cláudio e Padre Joca a quem tem muito estima,
hoje escrevo um pouco de sua história e me lembro de emocionada que na sua
morte pai, que o seu funeral além de muitos amigos, parentes, foi acompanhada
por Padre Cláudio, Padre Jonerikson e Padre Elenildo, uma demonstração de
amizade e carinho que tanto o senhor mereceu. No momento da entrevista, ele se
lembrou que sua mãe cuidou de zabelão, uma idosa que havia em Taipu, e
precisava de cuidados e atenção, dava o suporte como um familiar. Aluízio
nasceu na casa dos pais em 14 de abril de 1942, todos os irmãos nasceram em casa,
a parteira dele e de seus irmãos foi Dona Cabocla. Cresceu em Taipu, toda sua
infância, brincando de jogar futebol, era goleiro, trabalhava na agricultura,
seus amigos na época de infância era Dequinha, Cristóvão Praxedes, Totocha. Sua
primeira escola foi no grupo Escola Joaquim Nabuco, lembra que seus professores
foram Professora Ilha, Professora Zuíla, Prof.ª Consuelo, Prof.ª Lourdes
Barbosa, Professor Padre José Severino que foi marido de Neci. E que o mesmo
dava palmadas na mão quando não acertava as atividades propostas. A conhecida
palmatória. Recorda-se que era um aluno que gostava de brigar, e sua mãe e seu
pai quando recebia reclamação, mandava trabalhar na agricultura. Lembra-se que
era o tempo da palmatória e que tirava notas boas, porém reconhece que
aprontava na escola. Depois da Escola Joaquim Nabuco, estudou em Ceará Mirim,
na Escola Comercial, concluindo o segundo grau e concluiu também o curso
técnico de contabilidade. Na escola em Ceará Mirim foi presidente cívico por
três anos. Em 10 de janeiro de 1958 com 16 anos começou a trabalhar no cartório
de Taipu, convidado por sua irmã Livramento Viana e seu Tamires Miranda.
Tamires Miranda tinha o 1º cartório e Aluízio o 2º cartório. Recorda-se ainda
que aos 14 anos já vendia rapadura, coco, banana, pegava rapadura no engenho
Santa Rita. Trabalhou quatro anos no 2º cartório registro civis e tabelião e
Oficial de Título e Protesto. Com 18 anos serviu ao exército no 3º batalhão de
engenharia e construção em Nova Descoberta na cidade do Natal – RN. Serviu 10
meses e depois foi para o Rio de Janeiro, trabalhou como estoquista no Rio na
empresa de caminhão Volve Brasil, nessa época tinha 20 anos. Morava no Rio de
Janeiro na casa de sua irmã Lúcia, recorda-se inclusive do endereço, Rua Santa
Alexandrina, nº 505, Rio Comprido – RJ. E ficou lá mais de um ano, depois
retornou a Taipu para trabalhar no cartório. Conheceu sua 1º esposa Leila
Silva, namorou um ano, e casou com a mesma, e viveram três anos juntos, desse
relacionamento tiveram uma filha, Christiane. Na época quando conheceu Leila,
era vereador, e quando separou ainda era vereador. Relatou também que teve uma
namorada chamada Nilma, que gostava muito dela, porém terminou porque a sua
sogra, mãe de Nilma, queria que ele fosse submisso a ela, usou a palavra
“manicaca”, termo comum aos homens da família que brincam quando as mulheres
mandam no homem. Depois separou e foi morar com meleco uma senhora que cuidou
dele na infância e também deu o suporte nesse momento, Maria de Andrade, que
ele chamava de Meleco, e que sempre a visitou, Meleco participava das reuniões
da família na casa da sua mãe, ele brincava com ela todo tempo, lembro-me que
ela estava cega e ele chamava os filhos Analice, Aluizio Filho e Marcos para
falar com ela, tocar e dizer: Meleco, são meus filhos! Meleco viveu na casa que
pertencia a Aluízio até a sua morte, inclusive ele doou a casa a sobrinha que
cuidou dela até os seus últimos dias, como recompensa pelo cuidado com aquela
que considerava como uma segunda mãe. Ele também relatou que morou um tempo em
uma casa na rua das pedras, contou que antes de casar-se se envolveu na
política, que a 1º vez não se elegeu, ficou como suplente de Geraldo Lins. Não
pensava em entrar na política, mas certa vez quando estava no cartório, chegou
Geraldo Cruz, Geraldo Lins, Zé Honório e o convidaram para ser político e o
incentivaram muito. Lembra ainda que na época não havia remuneração para
vereador, apenas o presidente recebia uma gratificação. Conheceu sua 2º esposa
Maria de Fátima, no ano de 1979, andando por Poço Branco, através do amigo
Batista e Zé Carneiro, foi um amor que enfrentou barreiras para ficarem juntos,
pois o seu pai José de Melo, não aceitou no início o relacionamento, por ser um
homem desquitado, porém apesar de tudo, em apenas seis meses se casaram, a sua
esposa Fátima relatou que ele era um homem muito bonito e charmoso, inclusive
muito cobiçado. Após um ano de casado teve sua 1ª filha Analice, e depois os
dois filhos, Aluízio Filho e Marcos Antônio. E viveram muitas história e realizações
incríveis. Foi prefeito da cidade de Taipu por dois mandatos, foi considerado o
prefeito das obras, deixou muitas benfeitorias nas suas duas administrações.
Tinha um amor muito grande pela sua cidade Natal. Faleceu em 20 de setembro de
2018, no hospital do Coração em Natal – RN, e se enterrou dia 21 de setembro no
cemitério de Taipu- RN, ele sempre falava, nasci, cresci e me enterrarei na
minha cidade querida.
Belíssima narrativa de Analice Viana (filha de Aluízio Viana), publicado em "Museu da Pessoa" aos 13/julho/2020; acessado aos 16/julho/2021; disponível em: https://acervo.museudapessoa.org/pt/conteudo/historia/aluizio-viana-um-amor-por-taipu-rn-171971