sexta-feira, 16 de julho de 2021

Aluízio Viana - Um amor por Taipu RN


 

Tudo começou em cajazeiras, que hoje é a localidade do Umari em Taipu-RN, antigamente o lugar para lá da ponte do Umari, se chamava Cajazeiras, os pais de sua mãe moravam nesse povoado onde os pais de sua mãe tinham uma fazenda. Os pais de sua mãe chamavam-se: Minervino Vitorino de Souza e Maria Furtunata do espírito Santo, quando o seu pai Antônio, conheceu sua mãe, numa linda manhã de sábado quando a viu encantou-se por sua beleza, nesse dia ela tinha a idade de quatorze anos, no outro sábado pediu-a em casamento sendo realizado no sábado seguinte. No entanto, é interessante destacar que Antônia conta que fez um pedido a Santo Antônio que queria casar para se livrar de sua madrasta que não era uma pessoa boa para ela, e em uma ocasião a noite no pé de uma árvore, chorando pediu a Deus que queria ir embora, e que gostaria muito de morar perto da Igreja católica. E Deus realizou o seu pedido, encontrou o meu o Sr Antônio Viana de Miranda, que por coincidência ou providência divina, morava praticamente vizinho a igreja católica de Taipu. Ela com a idade de 14 anos e ele com cinquenta. Dessa união nasceram 12 filhos desses 12, dois vieram a falecer crianças. Chamavam-se Irene e Francisco Canindé. Seu pai Antônio Viana faleceu, vítima de um acidente. Tinha feito uma promessa pela cura de seu filho Wilson Viana a São Francisco Canindé e seguiram em romaria com muitas outras pessoas de Taipu a Juazeiro no Ceará, como de costume todos os anos, na viagem estava acompanhado também pelo seus filhos Lourdinha e Toinho. Seu pai tinha na época setenta e três anos, no dia quatorze de dezembro de 1955 ocorreu esse triste acidente, havia muitas pessoas na carroceria do caminhão chamado misto, antigamente não havia legislação referente a esse negligência, e as pessoas viajavam muito a carro aberto, ele recorda-se que o carro virou, e faleceram oito pessoas. Na ocasião o seu pai faleceu nos braços de sua filha Lourdinha, um momento muito triste para todos e para toda cidade. Lembra-se que seu pai tinha uma irmã que morava em Passagem Funda que se chamava Virgovina, sendo que não constituiu família, o que sabe que a família do seu pai se dividiu, eles eram da Serra de Martins no RN, naquela época a situação era muito precária e eles procuraram melhores condições de vida, e que parte foi para Fortaleza - CE outros vieram para Taipu- RN, seu pai tinha dois irmãos e três irmãs, Miguel Viana, um dos irmãos do seu pai, casou-se, inclusive com a mãe de Manoel de Juca de Taipu-RN, seu pai era agricultor e tinha propriedade em Cajazeiras e Umari no município de Taipu e tia Mariinha que era solteira sempre morou com eles. Sua mãe Antônia, fica viúva, com trinta e seis anos, apesar de ser bem nova e tendo que sustentar seus filhos. Sua mãe deu continuidade a cuidar da lavoura já que o pai era produtor e assumindo todo o trabalho na agricultura com determinação, coragem e valentia para sustentar os filhos que eram dez, menos um que estava na marinha seu irmão mais velho José Viana, nesse período, que ficou sendo o arrimo da família. Aluízio tinha na época 13 anos. Ele recorda-se que soube da morte de seu pai, quando estava brincando no pé de figo de Sinésio Cruz, com outros garotos. O corpo do seu pai foi o primeiro a chegar, Lourdinha veio com Toinho seu irmão e quem emprestou o dinheiro para pagar o carro de Mossoró para Taipu, foi Ornilo Cruz, que na época era namorado de Lourdinha, e arranjou quatro mil cruzeiros. Depois sua mãe Antônia, pagou o empréstimo a Ornilo Cruz. Sua mãe continuava na luta como agricultora e também costurava e era considerada a melhor costureira de Taipu. Para ajudar no sustento de seus filhos. Aluízio recorda-se que sua mãe era a enfermeira de Taipu já que não havia esse profissional na nossa cidade. Era ela que de dia ou de noite, chovendo ou com sol quente, a pé ou a cavalo ia às casas nos sítios afastados ajudar a essas pessoas que estavam doentes precisando tomar injeção para aliviar a febre e as dores e até mesmo nos partos. No surto do paludismo sua luta redobrou para acudir essas pessoas necessitadas de cura como também de uma palavra de conforto. Aluízio recorda com carinho a dedicação de sua mãe para com a Igreja, muito católica e participava dos eventos da igreja. Como presidente do Apostolado do Coração de Jesus cabia a ela cuidar da igreja e receber com um amor filial os padres que por Taipu passavam e preparar a casa paroquial para recebê-los. Ela tinha uma grande devoção a Nossa Senhora do Livramento que transmitiu aos seus filhos como herança. Na festa da padroeira era ela com Isaura Saldanha que retiravam a imagem de Nossa Senhora do Livramento e todo empenho e amor maternal a preparava no andor como quem estava preparando uma filha para a sua grande festa “a procissão” Sua mãe antes de falecer fez um pedido a ele, de nunca abandonar a igreja católica. Ele recorda-se que o funeral de sua mãe foi acompanhado pelo vigário Padre Cláudio e Padre Joca a quem tem muito estima, hoje escrevo um pouco de sua história e me lembro de emocionada que na sua morte pai, que o seu funeral além de muitos amigos, parentes, foi acompanhada por Padre Cláudio, Padre Jonerikson e Padre Elenildo, uma demonstração de amizade e carinho que tanto o senhor mereceu. No momento da entrevista, ele se lembrou que sua mãe cuidou de zabelão, uma idosa que havia em Taipu, e precisava de cuidados e atenção, dava o suporte como um familiar. Aluízio nasceu na casa dos pais em 14 de abril de 1942, todos os irmãos nasceram em casa, a parteira dele e de seus irmãos foi Dona Cabocla. Cresceu em Taipu, toda sua infância, brincando de jogar futebol, era goleiro, trabalhava na agricultura, seus amigos na época de infância era Dequinha, Cristóvão Praxedes, Totocha. Sua primeira escola foi no grupo Escola Joaquim Nabuco, lembra que seus professores foram Professora Ilha, Professora Zuíla, Prof.ª Consuelo, Prof.ª Lourdes Barbosa, Professor Padre José Severino que foi marido de Neci. E que o mesmo dava palmadas na mão quando não acertava as atividades propostas. A conhecida palmatória. Recorda-se que era um aluno que gostava de brigar, e sua mãe e seu pai quando recebia reclamação, mandava trabalhar na agricultura. Lembra-se que era o tempo da palmatória e que tirava notas boas, porém reconhece que aprontava na escola. Depois da Escola Joaquim Nabuco, estudou em Ceará Mirim, na Escola Comercial, concluindo o segundo grau e concluiu também o curso técnico de contabilidade. Na escola em Ceará Mirim foi presidente cívico por três anos. Em 10 de janeiro de 1958 com 16 anos começou a trabalhar no cartório de Taipu, convidado por sua irmã Livramento Viana e seu Tamires Miranda. Tamires Miranda tinha o 1º cartório e Aluízio o 2º cartório. Recorda-se ainda que aos 14 anos já vendia rapadura, coco, banana, pegava rapadura no engenho Santa Rita. Trabalhou quatro anos no 2º cartório registro civis e tabelião e Oficial de Título e Protesto. Com 18 anos serviu ao exército no 3º batalhão de engenharia e construção em Nova Descoberta na cidade do Natal – RN. Serviu 10 meses e depois foi para o Rio de Janeiro, trabalhou como estoquista no Rio na empresa de caminhão Volve Brasil, nessa época tinha 20 anos. Morava no Rio de Janeiro na casa de sua irmã Lúcia, recorda-se inclusive do endereço, Rua Santa Alexandrina, nº 505, Rio Comprido – RJ. E ficou lá mais de um ano, depois retornou a Taipu para trabalhar no cartório. Conheceu sua 1º esposa Leila Silva, namorou um ano, e casou com a mesma, e viveram três anos juntos, desse relacionamento tiveram uma filha, Christiane. Na época quando conheceu Leila, era vereador, e quando separou ainda era vereador. Relatou também que teve uma namorada chamada Nilma, que gostava muito dela, porém terminou porque a sua sogra, mãe de Nilma, queria que ele fosse submisso a ela, usou a palavra “manicaca”, termo comum aos homens da família que brincam quando as mulheres mandam no homem. Depois separou e foi morar com meleco uma senhora que cuidou dele na infância e também deu o suporte nesse momento, Maria de Andrade, que ele chamava de Meleco, e que sempre a visitou, Meleco participava das reuniões da família na casa da sua mãe, ele brincava com ela todo tempo, lembro-me que ela estava cega e ele chamava os filhos Analice, Aluizio Filho e Marcos para falar com ela, tocar e dizer: Meleco, são meus filhos! Meleco viveu na casa que pertencia a Aluízio até a sua morte, inclusive ele doou a casa a sobrinha que cuidou dela até os seus últimos dias, como recompensa pelo cuidado com aquela que considerava como uma segunda mãe. Ele também relatou que morou um tempo em uma casa na rua das pedras, contou que antes de casar-se se envolveu na política, que a 1º vez não se elegeu, ficou como suplente de Geraldo Lins. Não pensava em entrar na política, mas certa vez quando estava no cartório, chegou Geraldo Cruz, Geraldo Lins, Zé Honório e o convidaram para ser político e o incentivaram muito. Lembra ainda que na época não havia remuneração para vereador, apenas o presidente recebia uma gratificação. Conheceu sua 2º esposa Maria de Fátima, no ano de 1979, andando por Poço Branco, através do amigo Batista e Zé Carneiro, foi um amor que enfrentou barreiras para ficarem juntos, pois o seu pai José de Melo, não aceitou no início o relacionamento, por ser um homem desquitado, porém apesar de tudo, em apenas seis meses se casaram, a sua esposa Fátima relatou que ele era um homem muito bonito e charmoso, inclusive muito cobiçado. Após um ano de casado teve sua 1ª filha Analice, e depois os dois filhos, Aluízio Filho e Marcos Antônio. E viveram muitas história e realizações incríveis. Foi prefeito da cidade de Taipu por dois mandatos, foi considerado o prefeito das obras, deixou muitas benfeitorias nas suas duas administrações. Tinha um amor muito grande pela sua cidade Natal. Faleceu em 20 de setembro de 2018, no hospital do Coração em Natal – RN, e se enterrou dia 21 de setembro no cemitério de Taipu- RN, ele sempre falava, nasci, cresci e me enterrarei na minha cidade querida.

 

Belíssima narrativa de Analice Viana (filha de Aluízio Viana), publicado em "Museu da Pessoa" aos 13/julho/2020; acessado aos 16/julho/2021; disponível em: https://acervo.museudapessoa.org/pt/conteudo/historia/aluizio-viana-um-amor-por-taipu-rn-171971


4 comentários:

  1. Obrigado amigo pôr pública a história do meu herói na sua página, estou emocionado 🤝🙌

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    1. Caro Bilzinho, a história de seu pai é uma belíssima história, e a narrativa de Analice, esplêndida.

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