domingo, 12 de setembro de 2021

Dona Mocinha, a parteira do Ingá



 À cima, Dona Mocinha, em baixo, a velha cajazeira do Ingá que, segundo os mais velhos do lugar, já passa dos 150 anos - Fonte: o autor.


FRANCISCA GONÇALVES DO NASCIMENTO chegou em Taipu por volta de 1939, com aproximados 18 anos de idade; veio do povoado do Bom Fim, São Tomé /RN, trazendo os três primeiros filhos, dos vinte e quatro que teve, tendo desses, apenas, seis chegado à idade adulta.

Chegando-se no Ingá e perguntar por Francisca Gonçalves, certamente ninguém dará notícias, porque ali todos só a conhece por Dona Mocinha; mora no Ingá desde que chegou a Taipu; próxima aos noventa anos de idade, completará aos 20/09/2021, é dona de uma lucides invejável; também tem uma boa saúde para a idade, reclama apenas que a vista fica enevoada enquanto o dia não esquenta.

Dona Mocinha foi parteira e por suas mãos chegaram ao mundo quase todas as crianças do Ingá, que ali nasceram, e de mais de uma geração; lembra os dias de que foram lhe buscar no roçado para mais um parto, assim como as noites chuvosas que fora lhe acordar para o mesmo serviço. – Até lembra a “Samarica”, personagem das músicas do velho Luiz Gonzaga.

Dona Mocinha é daquelas mulheres que se pode dizer: “é pau para toda obra”. Dona de casa, trabalhadora agrícola, pescava, fazia carvoeira... Também gostava de tomar umas pingas e soltar “loas”; depois de relutar, resolver mandar uma para nós; rimos muito, foi daquelas boas, para mostrar que em roda de pingar, homem não lhe botava cangalha.

Fique de voltar a casa de Dona Mocinha, ali no Ingá, por traz da Escola, em frente à cajazeira de mais de 150 ano; ouvir mais histórias e estórias suas.

 

Arnaldo Eugenio de Andrade – 12/setembro/2021

terça-feira, 7 de setembro de 2021

sexta-feira, 3 de setembro de 2021

Poço Branco Velho e a Pedra da Mina





 Imagens do Poço Branco Velho - Fonte: o autor

 

É comum confundir Poço Branco Velho com o Jacaré, quando, de fato, eram duas comunidades distintas e ambas ficaram submersas com a construção da barragem.  Poço Branco Velho ficava ao norte do Rio Ceará Mirim e a, aproximadamente, 2 km, em linha reta, da parede da barragem, já o Jacaré, ficava ao sul do dito rio, e à nascente de Poço Branco Velho, ambas as comunidades se situavam no Taipu Grande.

Na construção da barragem três comunidades foram removidas do curso da represa: Poço Branco Velho, Jacaré e Contador, essa última, mais ao poente, foi transferida para o norte, enquanto Poço Branco Velho e o Jacaré, transferidas, formaram a atual sede do município de Poço Branco.

As belezas naturais de Poço Branco Velho continuam a encantar, a Pedra da Mina é exemplo. Vale conhecer a região e, quem sabe, o poder público venha a estimular a visitação ao local, tanto para apreciar a sua beleza quanto para preservar a história às futuras gerações. Se depender na natureza, o belo cenário continua lá, desafiando o tempo e instigando à imaginação a uma viagem ao tempo passado, com o apelo que não se perca o laço com aquilo que foi a origem da querida Poço Branco.

Visitando o local, lembrei-me da música “Dois Irmãos”, de Chico Buarque: ...É como se a rocha dilatada fosse uma concentração de Tempos...

Dois Irmãos, quando vai alta a madrugada

E a teus pés vão-se encostar os instrumentos

Aprendi a respeitar tua prumada

E desconfiar do teu silêncio

Penso ouvir a pulsação atravessada

Do que foi e o que será noutra existência

É assim como se a rocha dilatada

Fosse uma concentração de tempos

É assim como se o ritmo do nada

Fosse, sim, todos os ritmos por dentro

Ou, então, como uma música parada

Sobre uma montanha em movimento

(Chico Buarque – Dois Irmãos)


Arnaldo Eugenio de Andrade - 03/09/2021

 

 

sábado, 28 de agosto de 2021

Maria Ilda Fernandes - Muitas mãos

 À direita, Ilda, em um de seus aniversários, à esquerda, na casa onde nasceu, em Riacho Fechado; Ilda está na calçada e seus pais, Seu Geraldo e Dona Antônia, aparecem no alpendre da casa - Fonte: acervo de Ilda Fernandes


MARIA ILDA FERNANDES, nasceu no lugar Riacho Fechado aos 26/08/1951, filha de Geraldo Fernandes de Macedo e Antônia Felix Fernandes, ele conhecido por Seu Geraldo leiteiro, ela, por Dona Antônia do Cartório.

Riacho Fechado, que era propriedade de Bento Fernandes de Macedo, pertenceu a Taipu até o ano de 1958, quando passou a pertencer à cidade de Barreto, emancipada politicamente naquele ano; já no ano de 1967 a cidade de Barreto passou a chama-se Bento Fernandes, justamente em homenagem a Bento Fernandes de Macedo, que era bisavô, de Ilda Fernandes, pela parte paterna.

Ilda Fernandes costuma falar da sua felicidade pela dupla naturalidade: diz que é bento-fernandense de nascença e taipuense por adoção.

Ilda Fernandes é dessas pessoas que veio ao mundo para torna-lo melhor; seu projeto de vida confunde-se com suas lutas por um mundo fraterno, justo e humano; é uma inconformista com a desigualdade social.

Nesse ano, aos 26 de agosto, em seu natalício, nos presenteou com mais uma de suas belíssimas poesias, aliás, não sei se poesia, reflexão, oração...  Uma homenagem a todas e a todos que estiveram e estão juntos na sua caminhada pelos “jardins” da vida durante suas 70 primaveras, compartilhando a beleza e o aroma das flores e amenizado as dores nas pontadas dos espinhos.

“Muitas mãos” também parece com a capacidade de Ildinha parecer torna-se tantas, pelo quanto que fez e faz nos jardins de tantos.

 

MUITAS MÃOS (Ilda Fernandes – 26/08/2021)

 

Muitas mãos teceram comigo esse tecido

Que se chama vida criada por Deus

Completando hoje 70 pedacinhos

Contornados por risos e lágrimas nos dias meus

 

Mãos que ajudaram nascer

Mãos que ajudaram comer

Mãos que ensinaram a falar e andar

Mãos que ensinaram ler e escrever

 

Mãos que acolheram nas dúvidas

Mãos que aplaudiram nos feitos

Mãos que afagaram no colo

Mãos que desculparam os defeitos

 

Mãos que motivaram tocar

Mãos que incentivaram cantar

Mãos que ensinaram rezar

Mãos que possibilitaram lutar

 

Prece de gratidão a todas essas mãos

É o que ora me anima fazer

Junto àquelas que me abençoaram

Colorindo em tom mais suave o meu viver

 

Arnaldo Eugenio de Andrade – 28/08/2021

Estaria nesta fotografia o Cel. Manoel Eugenio?

  Recebi esta foto de Clara Paiva de Moraes.  Para contextualizar: Clara é filha de Ubirajara Paiva de Moraes e de Zélia Ferreira de Lima,...