Desenho a grafite – o autor.
Sebastião Barros nasceu em Taipu aos 20 de janeiro de 1917, filho de Pedro Francisco de Barros e de dona Joana Maria dos Prazeres, neto pela parte paterna de Manoel Francisco de Barros e de dona Joana Bernardina de Souza (o sobrenome Souza aparece também, horas como Sena, horas por Lima, e ainda como Barros, do marido), e pela parte materna, de Manoel José de Almeida e de dona Camila Maria da Conceição. Seu Pedro e dona Joana foram os pais, além Sebastião, de Irene Barros, que nasceu em Taipu aos 05/03/1921.
A data de nascimento de Sebastião Barros, 20 de janeiro de 1917, consta no assento de batismo, do livro de batismos da Paróquia de Nossa Senhora do Livramento, realizado em Taipu, pelo Padre Luiz Maria Berchold, onde foram seus padrinhos Inocêncio Francisco de Barros e dona Beatriz Alexandrina de Barros, entretanto, no dito assento de batismo, há uma inconsistência entre as datas, visto constar como data da solenidade o dia 6 de janeiro de 1917, data anterior ao seu nascimento.
Seus pais casaram-se civilmente em Taipu, aos 28 de junho de 1917 e, no registro de casamento, consta que já casados catolicamente e que tinham um filho, Sebastião Francisco de Barros, com 5 meses de idade.
A família Francisco de Barros era radicada entre as comunidades de Olho D’Água e Cachoeira, comunidades ao Leste da sede do município de Taipu, entretanto, não é possível afirmar de onde migraram para Taipu. Uma possibilidade é de que tenha chegado à Taipu, vinda da região de Touros, visto ser esse o município natural de parte dos filhos do casal Manoel Francisco de Barros e Joana Bernardina de Souza. Atualmente, em Cachoeira, ainda encontramos remanescentes da família: Os filhos de Antônio Tomaz Duval, ex vereador de Taipu, e de Dona Marina Barros, sua primeira esposa. Dona Marina Barros era neta de Dona Rosa Soares de Barros, esta, irmã de Pedro Francisco de Barros, portanto, tia de K-Ximbinho.
Na sede do município de Taipu sabe-se que moraram os irmãos Inocêncio e Pedro Francisco de Barros, ambos aparecem em anuários do Almanak Laemmert como comerciantes de fazendas, secos e molhados e miudezas. Na residência de Inocêncio Francisco de Barros foram realizados vários casamentos, e não somente de familiares, o que denota ser uma casa de boa estrutura. Inocêncio aparece no recenseamento agrícola de 1920, realizado pela Diretória de Estatística do Ministério da Agricultura, como proprietário na Serra da Pousa. Já de Pedro Francisco de Barros, o encontramos no Livro de Foros do Patrimônio de N. S. do Livramento de Taipu como arrendatário de um terreno no curso do Rio e presença na solenidade de instalação da Freguesia de Nossa Senhora do Livramento, a primeiro de maio de 1913, conforme consta no Livro Tombo 1, folha 2. Pedro Francisco de Barros também consta na lista de eleitores do pleito realizado aos 3 de novembro de 1928. Seu Pedro e dona Joana morava no endereço que atualmente é propriedade do Sr. Raimundo Faustino, ao poente do Centro Pastoral, conforme ouvi do meu pai. Sebastião foi coroinha, conforme informa o anuário Almanak Laemmert, do 1929, edição D00085.
Clarinetista, saxofonista, compositor, arranjador e maestro, de projeção internacional, K-Ximbinho deu seus primeiros passos no piano da Igreja de Nossa Senhora do Livramento, tocou na Banda de Música de Taipu e depois na Banda de Música dos Escoteiros do Alecrim. K-Ximbinho saiu de Taipu na adolescente, segundo Pablo Garcia Costa (Pablo 2009, pág.16) a família transferiu-se para Natal no ano de 1931, portanto, aos 14 anos de idade do jovem Sebastião. Sua vocação já aflorava desde criação, conforme relatou João Máximo, no Jornal do Brasil, edição de 14 de setembro de 1981: “Tinha ele oito, nove anos, e já sabia alguma coisa de música, ficava na janela do pequeno conservatório de Taipu, do lado de fora, observando como os alunos eram apresentados às notas musicais, aos solfejos, às primeiras noções de harmonia, quando um dia, em vez de ajudar o pai no armazém, preferiu jogar bola na rua. Seu Pedro, indignado, foi busca-lo, tirou-o a força do jogo, levou-o pela orelha até em casa e trancou-o no quarto. Lá dentro, triste, choroso, K-Ximbinho tirou do armário a flauta de bambu e nela compôs Surrão.”
Ainda conforme João Máximo, o apelido ganhou quando estava na Banda do Exército, devido à semelhança com um certo Cachimbinho, ex saxofonista Banda assim chamado por não tirar o instrumento da boca. A grafia diferente, com K e X, foi ideia do próprio K-Ximbinho.
Sebastião Barros casou-se aos 18 anos com Maria Stella de Barros e, deste matrimônio, nasceram os filhos Iaponira Barros, Ana Barros, Gilka Barros, Maria Barros, Maria das Graças Barros, Mário Barros e Solange Zaccaro. Sebastião Barros foi levando ao Hospital dos Servidores do Estado, no Rio de Janeiro, onde residia, aos 24 de maio de 1980, em função de um derrame, vindo a falecer aos 26 de junho do mesmo ano.
Aos 25 de novembro de 1995 o assessor administrativo da prefeitura Municipal de Taipu, Sr. José Viana Junior, deu um “recebido” à correspondência do Sr. Evaniel Máximo de Souza, solicitando à Prefeitura Municipal de Taipu, prestar homenagem a Sebastião Barros, dando seu nome a uma praça ou rua.
Atualmente, em Taipu, a primeira rua ao Sul da BR 406, ente estrada da Serra Pelada e a estrada de acesso à caixa d’água da CAERN, leva o nome de Sebastião Barros, uma homenagem, embora tardia, mas muito justa a K-Ximbinho, ilustre filho de Taipu.
Arnaldo Eugenio de Andrade, 30 de maio de 2025