TAIPU: PARCEIRA FACEIRA
Taipu,
parceira, faceira, vestida por seus verdes campos, sob um céu de anil
Uma
criança, garota, menina moça, flor no desabrochar, bela noiva, mãe gentil
Em
cada canto e recanto, um aconchego, um encanto com suas lendas e contos
De
tantas glórias, ao longo de sua história, com brilho, que honra o presente
Do teu
seio, outras terras, mesmos povos, outros novos, gerações de única formação
Únicos, somos tantos, João Camara, Bento Fernandes,
Poço Branco, povos irmãos
A
barragem, no afeto do abraço, lágrimas enchem o rio a banhar o nosso leito
Se a
ligação histórica não bastasse, do velho jacaré fui buscar o meu enlace
Taipu
com a praça 10 de março, grande largo, um marco, uma homenagem à fundação
Retrato
de todo tempo gravado pelas lentes da memória de um povo, com gratidão
Ainda
que mudem suas placas, uma agressão, imprópria, impostura, inglória
Os
nossos corações e as nossas mentes não trocaram as páginas de tua história
Cidade
de grandes mestras, vocacionadas para o ofício, as professorinhas
Dona
Francisquinha, Dona Chiquinha, Dona Maninha, Dona Terezinha
São
tantas as outras, sem o devido reconhecimento, enumerá-las é muito extenso
Também
tive a minha, Dona Lilia, quando eu não lia. Hoje escrevo o que penso
Taipu
do velho Joaquim Nabuco. De seus bancos o bê-a-bá de tantos ilustres vultos
Sem o
trem, a calçada da estação, tribuna livre: política, futebol, religião,
discussão
Matriz
da Senhora do Livramento, imponente, nas festas a alvorada nos desperta
A rua
grande, o sequilho, a saudade, eu distante, do exílio a sonhar com o reencontro
Esconde-esconde,
bandeirinha, mão-para-o-ar, garrafão, açudes nos dias de chuva
Sonhos
de ser adulto, me formar, ser engenheiro, ganhar dinheiro, ajudar à família
Passarinhos,
pescarias, escoteiros, futebol, Itaipi, jovens, política, juras de amor eterno
Saudades
dos que se foram, voltar a ser criança, trocar experiência por esperança
Taipu
com suas lendas, verdades de tanto tempo, o papagaio da cheia, herdamos de
herança
Almas
penadas as minas vinham doar, beco do centro e outros, meia noite não podia
passar
Milagrosa
Santa Cruz dos pagãos, no Maracajá, velas intactas viram a cheia baixar
Fogo
do batatão, mula sem cabeça, viúva machado, lobisomem, tão presentes na
infância
Uma história
começou como os cinco dedos de uma mão: Jorge, Marcos, Bernardo, André e
Joaquim
Aldeia
dos Itaipis, Taipu do Meio, Picada, por fim Taipu, em bela caligrafia, escrita
com nanquim.
Tapiatá,
Taipu do Meio, Grande, de Baixo, Boa Água, Pirapora, Inhandu, Cururu, as sesmarias
doadas
Pegado
Galvão, Pereira dos Santos, Gadelha, Soares da Silva e Costa, as desbravadoras
hoje multiplicadas
Taipu
de Arruda, Araújo, Aquino, Alves, Boa, Bezerra, Barbosa, Barbalho, Balbino,
Batista, Baracho, Basílio, Bandeira
Da
Costa, Cruz, Castro, Carmo, Campos, Câmara, Carneiro, Calisto, Cassiano,
Caetano, Cavalcante, Carvalho, Oliveira
Dias,
Dantas, Duarte, Guedes, Gomes, Gonçalves, Gadelha, Galvão, Nunes, Nogueira,
Nascimento, Torres, Tixa, Teixeira
Marques,
Martins, Maximino, Maximiniano, Mendes, Melo, Mendonça, Miranda, Monteiro,
Moreira
Pedra,
Pedrosa, Pegado, Praxedes, Pinto, Pinheiro, Santos, Santiago, Saldanha, Soares,
Souza, Silva Silveira
Ramos,
Ramiro, Rosa, Rodrigues, Rocha, Reis, Ribeiro, França, Furtado, Frutuoso, Fonseca,
Fernandes, Ferreira
Ezequiel,
Lima, Leite, Lins, Juvêncio, Justino, Varela, Vasconcelos, Venâncio, Viana,
Vieira
Também
Rossete, da Madre Natalina, Eugenio de Andrade da linhagem do Coronel Manoel
Pereira
Ingá,
Umari, Umarizeiras, Silveira, Cajazeira, Cajueiro, Pitombeira, Gameleira
Poço
do Antônio, Lagoa da Onça, Lagoa Nova, Riacho, Olho d’Água e Cachoeira
Campestre,
Taipu de Fora, Morada Nova, Mundo Novo, Iraque, Paraguai o caminho não se erra
Ubiratã,
Maritacaca, Pau D’arco, Jacarandá, Baixa da Manipeba, Corte Grande e Cobal,
depois da Serra
Taipu
que da Boa Vista se avista a bela paisagem e um rio a regar todo seu vale
Logradouro
e Queimadas após o Xinxá, passar na Piçarreira, o Matão é caminho obrigatório
À
Passagem Funda vão-se pelo Maracajá ou Rodeio, Duas Passagens, Cuité e
Tabuleiro
Cassiano,
Arisco dos Barbosa e da Gameleira, tantas terras e os assentamentos dos Sem Terras
Serra
Pelada, mirante natural, cúmplice do beijo quando a noite encontra o dia
A
fauna, a flora, um rio, tantas vidas, tantas cheias, tantas idas, tantas ceias
Que
brotem nossas flores, que cantem nossos pássaros, que corra nosso rio
Preservemos
nossa geografia, para não torná-la lembranças do passado, algum dia
Taipu,
minha guarida, minha canção, minha razão, meu torrão querido
Seja filho,
queira ficar ou por teu solo passe, será sempre bem acolhido
Berço
do meu berço, lar do meu lar, em toda minha vida a fortaleza dos meus passos
Não
queira Deus que no meu último adeus, esteja longe dos teus braços
Arnaldo
Eugenio