quarta-feira, 1 de março de 2023

TAIPU: PERCEIRA FACEIRA

 

TAIPU: PARCEIRA FACEIRA

 

Taipu, parceira, faceira, vestida por seus verdes campos, sob um céu de anil

Uma criança, garota, menina moça, flor no desabrochar, bela noiva, mãe gentil

Em cada canto e recanto, um aconchego, um encanto com suas lendas e contos

De tantas glórias, ao longo de sua história, com brilho, que honra o presente

 

Do teu seio, outras terras, mesmos povos, outros novos, gerações de única formação

Únicos, somos tantos, João Camara, Bento Fernandes, Poço Branco, povos irmãos

A barragem, no afeto do abraço, lágrimas enchem o rio a banhar o nosso leito

Se a ligação histórica não bastasse, do velho jacaré fui buscar o meu enlace

 

Taipu com a praça 10 de março, grande largo, um marco, uma homenagem à fundação

Retrato de todo tempo gravado pelas lentes da memória de um povo, com gratidão

Ainda que mudem suas placas, uma agressão, imprópria, impostura, inglória

Os nossos corações e as nossas mentes não trocaram as páginas de tua história

 

Cidade de grandes mestras, vocacionadas para o ofício, as professorinhas

Dona Francisquinha, Dona Chiquinha, Dona Maninha, Dona Terezinha

São tantas as outras, sem o devido reconhecimento, enumerá-las é muito extenso

Também tive a minha, Dona Lilia, quando eu não lia. Hoje escrevo o que penso

 

Taipu do velho Joaquim Nabuco. De seus bancos o bê-a-bá de tantos ilustres vultos

Sem o trem, a calçada da estação, tribuna livre: política, futebol, religião, discussão

Matriz da Senhora do Livramento, imponente, nas festas a alvorada nos desperta

A rua grande, o sequilho, a saudade, eu distante, do exílio a sonhar com o reencontro

 

Esconde-esconde, bandeirinha, mão-para-o-ar, garrafão, açudes nos dias de chuva

Sonhos de ser adulto, me formar, ser engenheiro, ganhar dinheiro, ajudar à família

Passarinhos, pescarias, escoteiros, futebol, Itaipi, jovens, política, juras de amor eterno

Saudades dos que se foram, voltar a ser criança, trocar experiência por esperança

 

Taipu com suas lendas, verdades de tanto tempo, o papagaio da cheia, herdamos de herança

Almas penadas as minas vinham doar, beco do centro e outros, meia noite não podia passar

Milagrosa Santa Cruz dos pagãos, no Maracajá, velas intactas viram a cheia baixar

Fogo do batatão, mula sem cabeça, viúva machado, lobisomem, tão presentes na infância

 

Uma história começou como os cinco dedos de uma mão: Jorge, Marcos, Bernardo, André e Joaquim

Aldeia dos Itaipis, Taipu do Meio, Picada, por fim Taipu, em bela caligrafia, escrita com nanquim.

Tapiatá, Taipu do Meio, Grande, de Baixo, Boa Água, Pirapora, Inhandu, Cururu, as sesmarias doadas

Pegado Galvão, Pereira dos Santos, Gadelha, Soares da Silva e Costa, as desbravadoras hoje multiplicadas

 

Taipu de Arruda, Araújo, Aquino, Alves, Boa, Bezerra, Barbosa, Barbalho, Balbino, Batista, Baracho, Basílio, Bandeira

Da Costa, Cruz, Castro, Carmo, Campos, Câmara, Carneiro, Calisto, Cassiano, Caetano, Cavalcante, Carvalho, Oliveira

Dias, Dantas, Duarte, Guedes, Gomes, Gonçalves, Gadelha, Galvão, Nunes, Nogueira, Nascimento, Torres, Tixa, Teixeira

Marques, Martins, Maximino, Maximiniano, Mendes, Melo, Mendonça, Miranda, Monteiro, Moreira

 

Pedra, Pedrosa, Pegado, Praxedes, Pinto, Pinheiro, Santos, Santiago, Saldanha, Soares, Souza, Silva Silveira

Ramos, Ramiro, Rosa, Rodrigues, Rocha, Reis, Ribeiro, França, Furtado, Frutuoso, Fonseca, Fernandes, Ferreira

Ezequiel, Lima, Leite, Lins, Juvêncio, Justino, Varela, Vasconcelos, Venâncio, Viana, Vieira

Também Rossete, da Madre Natalina, Eugenio de Andrade da linhagem do Coronel Manoel Pereira

 

Ingá, Umari, Umarizeiras, Silveira, Cajazeira, Cajueiro, Pitombeira, Gameleira

Poço do Antônio, Lagoa da Onça, Lagoa Nova, Riacho, Olho d’Água e Cachoeira

Campestre, Taipu de Fora, Morada Nova, Mundo Novo, Iraque, Paraguai o caminho não se erra

Ubiratã, Maritacaca, Pau D’arco, Jacarandá, Baixa da Manipeba, Corte Grande e Cobal, depois da Serra

 

Taipu que da Boa Vista se avista a bela paisagem e um rio a regar todo seu vale

Logradouro e Queimadas após o Xinxá, passar na Piçarreira, o Matão é caminho obrigatório

À Passagem Funda vão-se pelo Maracajá ou Rodeio, Duas Passagens, Cuité e Tabuleiro

Cassiano, Arisco dos Barbosa e da Gameleira, tantas terras e os assentamentos dos Sem Terras

 

Serra Pelada, mirante natural, cúmplice do beijo quando a noite encontra o dia

A fauna, a flora, um rio, tantas vidas, tantas cheias, tantas idas, tantas ceias

Que brotem nossas flores, que cantem nossos pássaros, que corra nosso rio

Preservemos nossa geografia, para não torná-la lembranças do passado, algum dia

 

Taipu, minha guarida, minha canção, minha razão, meu torrão querido

Seja filho, queira ficar ou por teu solo passe, será sempre bem acolhido

Berço do meu berço, lar do meu lar, em toda minha vida a fortaleza dos meus passos

Não queira Deus que no meu último adeus, esteja longe dos teus braços

 

 

Arnaldo Eugenio

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